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Por Redação O Sul | 24 de maio de 2018
O brasileiro ainda tem pouco conhecimento sobre os impactos ocasionados pela automedicação e diagnose. É o que mostra uma pesquisa que constatou a prevalência de automedicação em 18,3% dos indivíduos investigados e 73,6% dos entrevistados afirmaram ter usado algum medicamento sem recomendação médica – caso eles já tivessem usado anteriormente esse mesmo produto; 73,8% declararam ter usado medicamentos não prescritos quando o medicamento já estava presente em casa; e 35,5% afirmaram ter usado alguma medicação não prescrita quando conheciam alguém que já havia tomado a mesma medicação.
As informações são do relatório “Fatores predisponentes para a prática da automedicação no Brasil: resultados da pesquisa nacional de acesso, utilização e promoção do uso racional de medicamentos”, publicado na 21ª edição do Boletim Científico. Foram entrevistadas 31.573 pessoas com idade igual ou superior a 20 anos.
O principal problema na automedicação e diagnose, aponta a professora Vera Lucia Pereira dos Santos, coordenadora do curso de Gestão da Vigilância em Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter, é o risco de intoxicação ou uma reação alérgica. “A pessoa que se automedica já apresenta sintomas que indicam um estado alterado de saúde; se ocorrer a intoxicação pelo medicamento não indicado, o paciente pode inclusive não distinguir a reação e não procurar ajuda a tempo ou ainda ter uma reação alérgica, que poderá trazer sérias consequências”, avalia a especialista.
Por serem medicamentos que são de fácil acesso, os pacientes tendem a subestimar seus efeitos ou não seguir corretamente a prescrição da bula. “A automedicação revela, na verdade, um cenário de pouco acesso à saúde. As pessoas se medicam porque consideram difícil o acesso a uma consulta médica”, explica. Para consultas de emergência no SUS, em que os pacientes são classificados de baixo risco, a espera para atendimento pode chegar a 4 horas. “Essa dificuldade leva o paciente a achar que, sozinho, pode se ajudar. Aliada à falta de informação, eles tomam decisões sem aval médico achando que não vão se prejudicar”, afirma.
“Dr. Google”: as dez pesquisas mais comuns no buscador
O processo de automedicação normalmente está associado a auto diagnose, explica Vera Lucia. Com maior acesso à informação, é comum que pacientes, ao sentirem sintomas diversos, tentem encontrar respostas nos buscadores de pesquisa. “O procedimento é incorreto e pode oferecer riscos à saúde de crianças e idosos, os mais afetados pela intoxicação medicamentosa”, alerta a especialista.
As dez pesquisas sobre saúde mais realizadas no Google, em 2017, foram: 1. O que causam os soluços; 2. Como faço para parar de roncar; 3. O que causa pedra nos rins; 4. Por que eu me sinto tão cansado; 5. Qual a duração de uma gripe; 6. Qual a pressão sanguínea normal; 7. Como diminuir colesterol; 8. O que causa pressão alta; 9. O que é TDAH; 10. O que é lupus.
Intoxicação por medicamentos
De acordo com levantamento do Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) da Unicamp, em Campinas, 33% dos casos de intoxicação no Brasil se deram por ingestão de medicamentos, em 2017. “Para acabar com a automedicação, é preciso não só de informação, mas aumentar os pontos de contato da população com os hospitais”, finaliza.