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Mundo Como um celular pode esclarecer o misterioso desaparecimento em alto-mar de dois adolescentes

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Perry Cohen e Austin Stephanos, de 14 anos, desapareceram em alto-mar há nove meses. (Crédito: Reprodução)

Perry Cohen e Austin Stephanos, ambos de 14 anos, foram vistos com vida pela última vez em 24 de julho de 2015, quando saíram de um porto na localidade de Jupiter, na Flórida (EUA), em uma lancha de pesca.

No último dia 23, nove meses depois do desaparecimento, um barco cargueiro norueguês encontrou a embarcação em que viajavam os adolescente, mas sem nenhum rastro deles.

A única coisa que havia no barco, que foi encontrado perto das ilhas Bermudas, era um iPhone e uma caixa de ferramentas. A descoberta do celular causou uma disputa entre os pais do jovens que acabou nos tribunais.

A mãe de Perry, Pamela Cohen, pediu aos pais de Austin – Carly Black e William Blu Stephanos – que o iPhone, que pertencia a Austin, fosse entregue a um grupo de investigadores independentes para que fosse realizada uma análise de seu conteúdo.

Cohen argumentava que também teria direitos sobre o celular, já que, no dia em que os jovens zarparam, seu filho estava usando o aparelho, emprestado, para enviar mensagens – o telefone dele estava quebrado.

Apple.

A mãe de Perry disse, segundo o jornal The Washington Post, que tentou contato diversas vezes com os pais de Austin, mas eles não responderam.

O caso foi parar na Justiça e, recentemente, em um tribunal do condado de Palm Beach, as famílias concordaram em entregar o telefone, que foi danificado pela água salgada e não funciona mais, para a Apple.

Elas informaram que a Apple teria concordado em analisar o telefone. Todos os dados obtidos seriam lacrados e enviados de volta ao tribunal. A Apple não comentou a informação.

Em um comunicado no Facebook, a família de Austin disse que estava trabalhando com autoridades e com a Apple, mas que não queria ceder informações potencialmente “sensíveis e pessoais”.

“À luz do recente incidente de San Bernardino [Califórnia, EUA] envolvendo tentativas do FBI de recuperar dados de um iPhone bloqueado, sentimos que o melhor seria evitar a pressão de ter esses esforços divulgados na mídia”, disse a família de Austin, através de um comunicado.

“Não queríamos fazer nada publicamente que pudesse prejudicar a cooperação com a fabricante. Infelizmente, acho que a publicidade recente e forte especulação possam ter feito exatamente isso”, completou.

O comunicado se refere à recente disputa entre o FBI e a Apple ocorrida após o atentado de San Bernardino no início de dezembro passado, quando 14 pessoas foram mortas por dois atiradores. O FBI suspeitava de ação terrorista, e tentou desbloquear o iPhone do atirador, mas não tinha a senha. A Apple disse que não poderia ajudar e o FBI acabou desbloqueando o aparelho com a ajuda de hackers profissionais.

Crime?

Segundo reportagem da rede americana NBC, a família de Perry Cohen suspeita que o desaparecimento possa estar ligado a um sequestro.

Um vídeo que veio a público por meio da Comissão de Vida Selvagem e Pesca da Flórida mostra os garotos zarpando sozinhos. Mas documentos do FBI, aos quais a NBC teve acesso, sugerem que a agência está investigando se o desaparecimento não estaria ligado a uma ação criminosa. O FBI se envolveu nas investigações desde setembro do ano passado e, em dezembro, agentes da Flórida solicitaram registros telefônicos ligados à “investigação oficial de um crime”.

As autoridades não se pronunciaram a este respeito. Por ora, a investigação continua e os esforços estão centrados em obter dados do celular.

“Como mãe, tenho que lutar por Perry quando ele não pode”, disse Pamela Cohen em um comunicado. “Temos que nos valer dos melhores recursos e da tecnologia para recuperar esta informação potencialmente vital para a gente”, destacou.

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