Segunda-feira, 21 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de março de 2017
A conta bancária aberta pelo presidente Michel Temer para receber recursos para a campanha eleitoral de 2014 foi abastecida com depósitos que correspondem a apenas 5,67% do total de R$ 350,4 milhões arrecadados pela chapa dele e de Dilma Rousseff. Naquele ano, os dois concorriam à reeleição – ela para presidente, ele para o cargo de vice-presidente.
De acordo com dados levantados pelo jornal Folha de S.Paulo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a conta “Eleição 2014 Michel Miguel Elias Temer Lulia Vice-Presidente”, controlada pelo então vice, recebeu R$ 19,8 milhões em uma agência do Banco do Brasil.
Econômico
Desse total, R$ 16,5 milhões foram destinados a diretórios do PMDB e a candidatos a governador, deputado e senador do partido nos Estados. Os repasses foram feitos em dinheiro ou na forma de material de propaganda.
Sobrou pouco, ou cerca de R$ 3 milhões, para que Temer arcasse com despesas diretas da sua própria campanha. Esses valores correspondem a cerca de 1% do total de gastos declarados pela chapa Dilma/Temer ao TSE. Temer ainda conseguiu economizar: no fim da campanha, sobraram R$ 92,2 mil em sua conta, que ele transferiu para o PMDB.
Uma das estratégias dos advogados de Temer para livrá-lo de uma condenação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde a chapa Dilma-Temer é investigada sob acusação de abuso de poder, é a de dizer que as contabilidades dos dois candidatos eram separadas. A conta em nome de Temer reforçaria a tese ao mostrar que, independentemente de valores, ele coletava recursos de forma separada.
Misturado
A defesa de Dilma, que nega irregularidades na arrecadação, considera inadmissível a tese de separação da chapa. A prestação de contas, segundo o advogado Flávio Caetano, era única.
A conta separada de Temer não provaria nada, já que ela seria apenas uma das quatro contas bancárias abertas pela campanha. E os recursos depositados em nome do vice não fizeram frente a gastos dele e de sua equipe. Várias despesas do peemedebista foram bancadas pelos recursos arrecadados nas outras três contas bancárias abertas pela campanha. Só em viagens de avião foram gastos cerca de R$ 2 milhões.
Há ainda o registro de pagamentos de salários de assessores e de hospedagens para pessoas do staff de Temer, como Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil. A defesa do presidente reafirma que não contesta os gastos, mas que eles não o tornam responsável por arrecadação da qual não participou.
A conta controlada por Temer foi aberta no Banco do Brasil no dia 10 de julho de 2014, com saldo zero. O primeiro depósito, de R$ 1 milhão, foi feito em 14 de julho, pelo PMDB, com dinheiro da empreiteira Andrade Gutierrez, que assinou um cheque nesse valor destinado à campanha do vice.
A doação já foi investigada pelo TSE: em um primeiro depoimento dado ao tribunal, o ex-presidente da construtora Otávio Azevedo disse que os recursos doados eram irregulares e que tinham sido destinados a Dilma Rousseff. Ao se descobrir que o recurso tinha ido para Temer, ele mudou a versão. Em novo depoimento, disse que a doação era regular. (Folhapress)