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Colunistas 100 mil norte-americanos mortos em um ano. Que guerra é esta?

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(Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Os Estados Unidos já participaram de diversas guerras, sendo que a maior baixa de militares estadunidenses, aproximadamente 58 mil foram na guerra do Vietnã que durou 16 anos (1959-1975), número muito menor se comparado a atual tragédia provocada por esta “luta” que ocorre exclusivamente no solo norte-americano. Qual seria este inimigo tão poderoso que a maior potência bélica e financeira do mundo não consegue vencer? OPIOIDES.

Nome complicado de medicamentos com efeitos analgésicos e sedativos potentes que podem ser comprados em drogarias aqui nos Estados Unidos. Como assim, um medicamento autorizado pelo FDA (Food & Drug Administration), equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil, provocar tantas mortes? Este medicamento é o FENTANIL, que provoca a quarta e mais devastadora onda de OPIOIDES. São 300 mortes por dia e o equivalente a ponta de um lápis desta droga pode matar, tem poder 50 vezes superior à heroína e está sendo misturada a outras drogas.

Na medicina é utilizado entre outras finalidades no procedimento de intubação de pacientes, tendo poder 100 vezes mais forte que outros opioides, além de ter efeito mais rápido.

Como tudo isto começou e por que a solução é tão difícil?

O primeiro analgésico opioide para uso geral surgiu em 1.996, o OxyContin, mais poderoso que a morfina e altamente viciante que recebeu forte estratégia de marketing para impulsionar as vendas. Logicamente que não foi divulgado à época os riscos do medicamento e a dependência que causaria a médio prazo. A divulgação realizada pela empresa farmacêutica, estruturada também com médicos e até depoimentos de usuários mostrava os benefícios do medicamento, passando a sensação de tranquilidade e também que o uso não traria maiores problemas. Depois de disputa judicial que durou anos, através de acordo firmado entre as partes envolvidas, a Farmacêutica Purdue Pharma concordou em pagar US$ 4,5 bilhões de dólares, equivalente a aproximadamente R$ 23, 5 bilhões de reais aos mais de 3.000 prejudicados por danos causados pela droga. Neste acordo a família Sackler, dona da empresa, fica isenta de futuros processos. Estima-se que mais de meio milhão de pessoas morreram nos últimos 20 anos devido à crise dos OPIOIDES. Segundo a médica e professora Judith Feinberg, especialista em crise de OPIOIDES da West Virginia University School of Medicine, as pessoas têm que comprar seu próprio remédio por não haver sistema de saúde universal.” A maioria dos seguros, especialmente para pessoas pobres, só paga por pílulas”. Como eles não têm condições de arcar com outros tratamentos para diminuição da dor, a alternativa é a prescrição médica dos analgésicos OPIOIDES.

Mais da metade dos casos de overdose nos Estados Unidos é decorrente da utilização de remédios comprados regularmente, normalmente receitados para a diminuição da dor, mas devido ao efeito provocado quando utilizado frequentemente e em doses elevadas, o mercado negro descobriu um excelente negócio com o FENTANIL. Nenhum OPIOIDE se compara ao FENTANIL que chegou às ruas em 2014 como droga ilegal. Apesar da regulação ser Federal, muitos Estados e até cidades têm autonomia para fiscalizar a venda e prescrição médica, dificultando o controle.

No mercado negro, a matéria prima que vem da China é enviada ao México onde é produzida em laboratório e ilegalmente enviada ao Estados Unidos. Quando em comprimidos, os traficantes amassam e transformam e pó, misturando com outras drogas. O efeito é devastador. As imagens divulgadas pela televisão e internet são impressionantes, seres humanos parecendo zumbis, morando nas ruas e sem qualquer noção de seus atos sob o feito da droga. Na cidade de São Francisco, Estado da Califórnia, cuja população é muito inferior à cidade de São Paulo, o número de pessoas viciadas nesta droga, morando nas ruas e em condições subhumanas é 5 vezes maior que a Cracolândia. A maior incidência do FENTANIL está nas grandes e médias cidades, todavia até em áreas e Estados rurais a destruição tem chegado. A Naloxona é a droga utilizada para reverter o efeito do FENTANIL e quanto antes ministrado maior a probabilidade de sucesso.

Um dos maiores problemas para evitar a morte dos usuários é que dificilmente sabe-se qual a mistura das drogas onde o FENTANIL foi introduzido, sendo que até o próprio usuário pode desconhecer o acréscimo desta substância. Os efeitos podem ser confundidos com o da heroína só que em escala muito mais devastadora.
O FENTANIL tornou-se uma das maiores e mais importantes crises da saúde pública dos Estados Unidos, já consumiu mais de US$ 1,5 trilhão de dólares (equivalente ao PIB brasileiro) e milhares de vidas continuam a ser ceifadas.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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