Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de outubro de 2023
Um ataque atingiu comboio de civis que fugia do norte de Gaza em uma rota indicada por Israel, deixando 70 mortos, entre eles, crianças e mulheres. O Ministério da Saúde palestino culpa Israel pelo ataque, que afirma estar investigando a ação e diz que seus “inimigos estão tentando impedir que os civis deixem o norte”.
A BBC News confirmou que o ataque aconteceu na via Salah-al-Din, uma das duas rotas de evacuação. Segundo a publicação, a estrada estava com tráfego intenso com a movimentação das pessoas de Gaza que atenderam as advertências de evacuação de Israel.
Registros feitos por um palestino na Faixa de Gaza mostram um comboio de civis que foi atingido por um míssil enquanto tentava deixar o norte da região em direção ao sul, seguindo a recomendação de Israel, que deu um prazo de 24 horas para que a migração fosse concluída.
No vídeo, realizado pelo cidadão brasileiro Ahmed Alajrami, é possível visualizar pelo menos 18 corpos de palestinos, entre eles muitas crianças pequenas, caídos pela rua e em cima de caminhões.
As imagens foram gravadas na área de Deir El-Balah pelo primo de Ahmed, enquanto fazia a travessia para deixar o norte de Gaza. Ele conseguiu chegar ao centro do território e está abrigado em outra escola com sua família, onde devem sair pela manhã, em direção à cidade de Khan Younes, no sul.
O trajeto entre a região central e Khan Younes é de 25km e deveria demorar cerca de 30 minutos de carro. Porém, com os bombardeios israelenses, não era possível fazer o caminho em menos de duas horas.
Aviso de Israel
O exército israelense emitiu um aviso na quinta-feira pedindo que os moradores de Gaza deixem suas casas em direção ao sul da região em até 24 horas. O porta-voz do exército afirmou que a “evacuação é para a própria segurança” dos habitantes da Faixa de Gaza e recomendou que as pessoas só voltem à Cidade de Gaza quando o governo israelense permitir. Palestinos temem que a ordem seja um indicativo de que o exército israelense realize uma ofensiva por terra.
O prazo encerrou às 18 horas da sexta, no horário de Brasília. No entanto, após uma série de apelos de diversas organizações e autoridades internacionais, o prazo foi estendido (até à meia-noite, no Brasil) por mais seis horas para que o hospital Al Awada, da ONG Médicos sem Fronteiras, pudesse ser evacuado.
Apesar da orientação, o Hamas exigiu que a população ignore a ordem israelense e permaneça em suas casas. Além do braço armado e terrorista, o grupo também tem um braço político, que governa atualmente a Faixa de Gaza.
Salama Marouf, chefe do gabinete de comunicação do Hamas, disse à agência de notícias Reuters que o aviso é “propaganda falsa, com o objetivo de semear confusão entre os cidadãos e prejudicar a nossa coesão interna” e que orienta os cidadãos palestinos a “não se envolverem nestas tentativas”.
Apelos internacionais
Após o pronunciamento nas redes sociais do exército israelense, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse, em comunicado, que os militares israelenses avisaram que todos os palestinos na região norte da Faixa de Gaza, cerca de 1,1 milhão de pessoas, deveriam migrar para o sul.
Mas, segundo as informações do exército, o alerta é apenas para a Cidade de Gaza, que tem 677 mil habitantes.
Israel também havia informado que, nos próximos dias, as operações na Cidade de Gaza serão “significativas” e que os moradores da região não devem se aproximar ou tentar ultrapassar a fronteira. (veja a íntegra do comunicado abaixo)
O porta-voz da ONU Stephane Dujarric chegou a pedir que qualquer ordem de ataque por Israel seja rescindida, “evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia em uma situação calamitosa”. Dujarric afirmou que a ordem de deixar a parte norte de Gaza foi dada, inclusive, aos funcionários da ONU e às pessoas abrigadas nas instalações humanitárias da organização.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também apelou às autoridades israelenses, dizendo que mover as pessoas que estão em estado grave nos hospitais de Gaza, incluindo aquelas com suporte de respiração, é uma “sentença de morte”.
Ataque terrestre
Dezenas de tanques de guerra estão sendo colocados por Israel na fronteira de Gaza, antes de uma invasão terrestre planejada pelas forças militares do país para combater o Hamas.
O conflito entre Israel e Palestina teve início no último sábado (7), após terroristas do grupo Hamas iniciarem um ataque sem precedentes contra o território israelense. Israel declarou guerra ao grupo terrorista, e bombardeios entre os dois lados continuam desde então.
Até o momento, são mais de 3.099 mortos, sendo 1.799 palestinos e 1,3 mil israelenses.