Domingo, 17 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2021
O parque gráfico próprio, de tecnologia indiana, funcionou de 2001 a 2015
Foto: Arquivo/Jornal O SulPara um periódico que trabalha essencialmente com o agora, falar do passado pode representar uma pauta tão desafiadora quanto prazerosa. Sobretudo quando o foco no elemento local ou global abre parênteses a um olhar de fora para dentro. E se o conceito de tempo é algo relativo, o chavão “parece que foi ontem” permite deixar de lado a exatidão jornalística quando está em pauta uma novidade de duas décadas atrás.
O ano era 2001 e a notícia de impacto já vinha se espalhando desde as redações de veículos até as salas das faculdades de Comunicação: a imprensa do Rio Grande do Sul – notabilizada pela forte concorrência entre jornais cujas marcas estão impressas na própria história gaúcha – ganharia um novo diário, com a assinatura de credibilidade da Rede Pampa de Comunicação: O Sul.
“Iniciamos em 1970 com uma emissora de rádio e, dez anos depois, colocamos no ar a TV Pampa, então faltava completarmos o tripé com uma mídia impressa, até porque essa era uma antiga cobrança dos ouvintes e telespectadores”, conta o fundador do grupo, Otavio Gadret, 74 anos. “E foi o que fizemos, em 2001, com o objetivo de atender na plenitude o nosso público.”
Idealizada para o segmento popular, a publicação teve o seu perfil reposicionado antes de chegar aos leitores, com base em análises de mercado. “O veículo apostou então em uma publicação para as classes A e B”, resgatam as pesquisadoras Anelise Zanoni Cardoso e Bruna Arndt, da Universidade do Vale do Sinos (Unisinos), em artigo apresentado em 2017 durante evento da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).
O investimento não se resumia ao aspecto financeiro. Textos bem escritos, diagramação atraente, predomínio de fotos coloridas e uma impressão de boa qualidade – produzida em rotativas instaladas no andar térreo do edifício – garantiam um diferencial e tanto. Junte-se a isso a adesão de anunciantes de grande porte e um sólido esquema de distribuição para todo o Estado, com vendas nas bancas ou por assinatura, e em breve a Capital e o Interior teriam uma excelente opção para se manter bem informados.
Para dar conta do desafio, nove editores especialmente selecionados comandavam 44 profissionais experientes e jovens talentos (sem contar o pessoal do parque gráfico e dos setores administrativo, comercial e de informática), alternados em três turnos para repercutir os acontecimentos do dia. Uma movimentação intensa até a meia-noite, hora do aviso que ainda hoje sinaliza o fim do expediente na redação: “Fechou!”. Estava no ar, em 2 de julho de 2001, a primeira edição de O Sul.
Passado, presente e futuro
Essa rotina já se repetiu ao menos 7.300 vezes no ambiente amplo e sem divisórias do edifício nos altos da rua Orfanotrófio, junto ao canal de TV e às oito emissoras de rádio que compõem a Rede Pampa. Cuidadosamente encadernados em uma coleção, textos e imagens produzidos nesse período equivalem a uma enciclopédia a registrar desde a mera ocorrência policial que ninguém mais lembra até os inesquecíveis avanços da ciência para muito além das fronteiras do planeta.
O transcorrer dos anos traria uma série de mudanças, reiterando a ideia evolucionista de que sobrevive quem melhor se adapta ao meio. Sem perder a sua essência, O Sul migrou para o formato digital em 2015, preservando diversos elementos de seu conceito original. Não por acaso, tanto o portal de notícias quanto as suas versões on-line em sistema flip e o arquivo em “pdf” seguem atraindo leitores fiéis, mostrando que 20 anos são apenas o começo. (Marcello Campos – repórter de O Sul desde 2015)