Quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Por Flavio Pereira | 31 de dezembro de 2022
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Para os conservadores de direita, que nas eleições proporcionais de 2022 garantiram o maior número de senadores e deputados federais eleitos para a legislatura de 2023, o processo eleitoral apresentou sérios indícios de problemas. Começou com a inédita e complexa decisão do STF que livrou Lula de condenações consolidadas e transitadas em julgado após o crivo de três instâncias. E prosseguiu com a suspeita de favorecimento da candidatura de esquerda por reiteradas decisões que privilegiaram Lula ao longo do processo eleitoral. O ponto alto foi o questionamejto apresentado pelo PL, partido de Jair Bolsonaro, com base em previsão legal, ao resultado das eleições do segundo turno, que não mereceu uma apuração mais profunda pela justiça eleitoral.
Laudo assinado pelo engenheiro que participou da criação da urna eletrônica
Recorde-se que, baseado em laudo assinado pelo engenheiro eletrônico Carlos Rocha, um dos criadores da urna eletrônica, o PL, valendo-se da previsão legal, protocolou no dia 22 de novembro no TSE um pedido de “verificação extraordinária”. No documento, o PL pediu que o TSE invalide votos registrados em 279 mil urnas dos modelos anteriores ao UE2020, que é auditável por meio dos logs (registros de atividades) apontando a possibilidade de irregularidades nos equipamentos e que, se excluídos, Bolsonaro venceria a disputa ao Planalto em 2022 por 51,05%. Em seu estudo, o engenheiro eletrônico Carlos Rocha afirmou que seu trabalho tratou se houve mau funcionamento de equipamento e não dos “votos” para as eleições presidenciais. “Eu não falei de votos”.
O ponto crucial do laudo
O que chama a atenção na auditoria apresentada pelo PL com base em estudo técnico é que justamente nas urnas de fabricação anterior a 2020, onde não seria possível a certificação plena, o resultado eleitoral aponta vitória de um determinado candidato, Lula no percentual de 52% contra 47%. Por outro lado, nas urnas novas, que é possível a certificação plena, esse resultado é diferente. Nesse caso, o candidato Bolsonaro teria pouco mais de 51% dos votos e o candidato Lula teria 48,95% dos votos. O desfecho todos sabem: após pedir novas diligências, o TSE ignorou o laudo apresentado, rejeitou o pedido e condenou o PL e seus dirigentes por litigância de má fé, impondo ao partido a milionária multa de R$ 22,9 milhões e bloqueio do Fundo Partidário.
Jair Bolsonaro define como “bastante positivo” o saldo do seu governo
Ontem, o presidente Jair Bolsonaro, em uma live especial, despediu-se dos seus aliados e dos brasileiros em geral e definiu que o resultado de sua gestão nos quatro anos de governo foi “bastante positivo”, mesmo com desafios como a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia. Ele citou diversas medidas adotadas pelo governo, como a renegociação de dívidas do Financiamento Estudantil (Fies), o auxílio emergencial, o marco ferroviário, internet nas escolas, redução de impostos, reajuste do piso da educação e porte de armas para moradores de áreas rurais. Na avaliação do presidente, o porte de armas reduz a violência.
Apoiadores nos quartéis
Em mensagem direcionada a manifestantes em quartéis que questionam resultado das eleições, Bolsonaro disse que não se pode achar que o “mundo vai se acabar no dia 1º”. “Creio no patriotismo de vocês, na inteligência. Sei o que vocês passaram ao longo desses dois meses no sol, na chuva. Isso não vai ficar perdido. Imagens foram para fora do Brasil”, disse, acrescentando que, no País, houve um despertamento da população para entender mais de política e a preocupação com o voto responsável. Ele criticou a ação de um empresário que, no último dia 24, colocou uma bomba em um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília. “Não é porque um elemento que passou por lá [acampamento de manifestantes nos quartéis] fez besteira que todo mundo tem que ser acusado disso”, disse. Bolsonaro afirmou que não “coaduna” com a conduta do empresário.
Decisões da Justiça estimularam apoiadores
Para o presidente Jair Bolsonaro, as decisões tomadas pela Justiça estimularam reações de seus apoiadores. “Para qualquer medida de força, sempre há uma reação. Tem que sempre buscar o diálogo para resolver as coisas, não pode dar um soco na mesa e não se discute mais esse assunto. Tudo isso trouxe uma massa de pessoas para as ruas, protestando”, disse. Segundo Bolsonaro, os manifestantes foram para os quartéis em busca de “segurança”. “Eu não participei desse movimento, eu me recolhi”, disse. Para o presidente, se ele participasse desse movimento poderia “tumultuar ainda mais” a situação.
Neste sábado, o vice-presidente Hamilton Mourão, na condição de presidente da Republica em exercício, convocou uma rede de emissoras de rádio e televisão para apresentar uma mensagem de fim de ano.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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