Ao subirem a rampa do Palácio do Planalto, Lula e Janja deixaram na calçada a simplicidade apresentada na campanha. Logo na estreia internacional, nos Estados Unidos, a bolsa de R$21,4 mil da primeira-dama roubou os holofotes. Na estreia na TV, já inquilina do Alvorada, Janja ostentou camisa de quase R$2,6 mil. No exterior, a imprensa portuguesa cunhou o “Dona Esbanja” dada a ostentação de Janja.
Casa de ferreiro
Unanimidade entre a comunidade da lacrolândia, o presidente Lula leva ouro na modalidade “espeto de pau” por demitir boa parte das mulheres do primeiro escalão. Lula enxotou duas ministras e a presidente da Caixa
Bagagem de ouro
Conhecidíssimo nos aeroportos, o ainda ministro da Justiça Flávio Dino leva o caneco por ser o que mais voou nos jatinhos da FAB, 95 vezes. No próximo ano, Dino decola para o STF, onde poderá manter a regalia.
Medalha dupla-face
Sempre alinhado aos desejos do Planalto e do Supremo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), será lembrado por incomum coragem ao desengavetar projeto que limita poderes de ministros do STF
Super Bonder
Não faltou escândalo para justificar a demissão de Juscelino Filho (Comunicações): uso de jato da FAB para ir à leilão de cavalos, irmã alvo da PF, emendas suspeitíssimas… mas o ministro se segurou na pasta.
Pescoço de diamante
Logo no início do governo, Janja revelou seu gosto nada modesto. Em Portugal, a primeira-dama perambulou por lojas de luxo, ganhou até o apelido de “esbanja’, e pagou mais de R$1 mil por uma gravata para Lula
Oscar de figuração
Também com boa atuação como peça cenográfica, o chanceler de enfeite Mauro Vieira leva o prêmio pelo suporte prestado ao chanceler de fato Celso Amorim, a quem Lula confia missões relevantes no exterior.
Micro prêmio
Por engolir a troca do rico Ministério de Portos e Aeroportos pelo Micro e Pequenas empresas, que nem mesmo orçamento tinha, Márcio França, conhecido em Brasília como “micro-ministro”, ganha a mini medalha.
Estátua de ouro
Com viaturas zeradas, armamento de ponta e homens de sobra, a Força Nacional de Flavio Dino, imóvel durante o 8 de janeiro e sem nenhum prisão durante intervenção no DF, leva o caneco.
Prêmio consolação
Ana Moser leva a melhor na categoria por não receber sequer uma linha de agradecimento pelos serviços prestados enquanto ministra dos Esportes. Foi rifada por Lula para acomodar André Fufuca, do PP.
Teto de Platina
Elizeta Ramos leva a medalha após, interina como procuradora-geral da República, reajustar em 25% o auxílio-moradia dos procuradores, que poderão receber até R$10 mil pela regalia.
Luva de ouro
O ministro do STF, Dias Toffoli, faz inveja até nos melhores goleiros ao assinar decisões que fazem a defesa dos irmãos Joesley e Wesley Batista pular de alegria. Uma delas suspendeu multa de R$10,3 bilhões.
Pizzaria
Reforçando a crença popular de que nada acontece com endinheirados, o vexatório relatório, que não deu em nada, da CPI das Americanas garantiu ao deputado e relator Carlos Chiodini (MDB-SC) a “honraria”.
Caneco do Pinóquio
Foi difícil chegar ao finalista de maior loroteiro do ano. A coluna precisou dividir o prêmio entre Marina Silva, pela fala dos 120 milhões de famintos no Brasil, e Lula, pela ladainha da caneta repetida pela enésima vez.
Moedas de prata
Judas Iscariotes, patrono da traição, sentiria orgulho dos petistas Zé Neto (BA) e Paulo Paim (RS). Os dois foram os únicos do partido de Lula que votaram para derrubar o veto do chefe no caso da desoneração da folha.
Martelinho de ouro
Os caprichos de Janja e Lula garantiram mais uma premiação. O casal torrou quase R$27 milhões em reformas e compras para os palácios presidenciais. Ainda em janeiro, Janja liderou reforma no Alvorada.
Criatividade reconhecida
O Supremo Tribunal Federal aproveitou 2023 para exercitar com plenitude a criatividade. Coube de tudo, reinterpretação criativa de leis, prisões no atacado, acordos anulados, multas suspensas… e por aí vai.
Carteirada
A carteirada do ano é da ex-presidente Dilma Rousseff, que arranjou generosa boquinha no banco dos BRICS. Flagrada em classe de luxo durante voo, não titubeou: “sou presidenta de banco, querida”.
PODER SEM PUDOR
O veneno do escorpião
Em 2001, no Congresso Internacional de La Sinistra em Pesaro, Itália, o então candidato à presidência Ciro Gomes entregou ao colega de partido, deputado federal Roberto Freire, um discurso do professor Mangabeira Unger desancando o rival Lula. Pediu que Freire lesse no plenário.
– É radicalismo imbecil, não se ataca um homem de esquerda desta forma, é uma irresponsabilidade! Esqueça isso! – reagiu Freire.
Num dos trechos, Unger afirmava que Lula tinha “o veneno do cinismo”
Com Rodrigo Vilela e Tiago Vasconcelos