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21 investigados na Lava-Jato estiveram 118 vezes na Petrobras, aponta registro

Maior parte das visitas foi feita ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. (Foto: Reprodução)

Registros da Petrobras analisados pela Polícia Federal mostram que 21 políticos investigados no STF (Supremo Tribunal Federal) por suposta participação no esquema de corrupção na estatal estiveram 118 vezes no prédio principal da empresa, no Rio de Janeiro, entre 2007 e 2012. A maior parte das visitas foi feita ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que se tornou um dos delatores da Operação Lava-Jato, mas há compromissos até com a ex-presidente da estatal Graça Foster.

De acordo com as informações repassadas pela empresa, o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) foi o campeão de compromissos, com 46 agendas, sendo 43 com o ex-diretor da estatal. Segundo Paulo Roberto, o congressista era interlocutor do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), junto ao esquema de desvio na estatal. Renan e o deputado negam as acusações. No mês passado, o Supremo autorizou as quebras dos sigilos fiscal e bancário do deputado. Não foram encontrados registros de Renan na empresa nesse período.

Outros peemedebistas que marcaram presença na estatal são os senadores Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA) e Valdir Raupp (RO). Apontado como operador do PMDB, Fernando Soares, conhecido como Baiano, tem seis registros. No relatório, a PF destaca que Baiano tem duas presenças no nome de “IBERBRAS” no campo “Empresa visitante”. “É possível que se trate da empresa IBERBRAS INTEGRACION DE NEGOCIOS Y TECNOLOGIA S.A., citada na denúncia do MPF’ como uma das destinatárias dos pagamentos oriundos da offshore PIEMONT INVESTMENT CORP., no Banco Winterbothan, no Uruguai, de propriedade de Júlio Carmargo”.

A relação mostra ainda que integrantes da cúpula do PP, partido que era considerado o padrinho de Paulo Roberto, também estiveram na estatal. O atual presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), esteve em dez agendas. Em depoimento à PF, Nogueira afirmou que Paulo Roberto procurou integrantes do partido para permanecer no cargo e que não encontrou apoio. O senador afirmou que na época Paulo Roberto “era tido como a pessoa mais importante” da estatal. Ciro disse ainda que foi envolvido no escândalo por ressentimento do ex-diretor.

O líder do PP, Eduardo da Fonte (PE), esteve 12 vezes. O deputado Simão Sessim (RJ) passou no prédio por 11 vezes. A Polícia Federal ouviu mais 15 parlamentares e ex-parlamentares, ligados ao PP e ao PMDB, no mesmo inquérito no STF. Eles negam participação com o esquema de recebimento de recursos montado com empreiteiras para desviar recursos da Petrobras. A PF pediu ao Supremo mais 60 dias para investigar o envolvimento de políticos no escândalo. Teori Zavascki ainda vai avaliar a solicitação. (Márcio Falcão e Rubens Valente/Folhapress)

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