As eleições municipais de 2024 registraram um recorde de candidaturas LGBTQIA+ eleitas no Brasil, com 225 eleitos, segundo dados da ONG VoteLGBT. Foram eleitos 222 vereadores e três prefeitos, um crescimento expressivo em relação a 2020, quando 97 pessoas foram eleitas para os dois cargos combinados.
O levantamento, que combina dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da ONG, mostra vitórias em 190 municípios de 22 Estados.
O número de políticos LGBTQIA+ eleitos mais do que dobrou na comparação com 2020. Há quatro anos, segundo levantamento da ONG VoteLGBT, eram apenas 97. O TSE não tem dados oficiais sobre isso para as eleições anteriores.
Entre os eleitos, 100 se identificam como gays, 40 como lésbicas, 34 como bissexuais, 22 como heterossexuais, 18 como assexuais, 8 declararam “nulo”, 2 como pansexuais e 1 marcou “outro”.
Quanto à identidade de gênero, 152 são cisgênero, 39 são trans, 32 marcaram “nulo” e 2 indicaram “outro”. Para a ONG, uma pessoa afirmou ser não-binária e nenhuma pessoa declarou ser intersexo. “O TSE não coleta informações sobre pessoas intersexo e não-binárias”, explicou o VoteLGBT no levantamento.
Em relação ao gênero, 140 eleitos se identificam como masculinos e 85 como femininos. No quesito racial, 104 se declararam brancos, 65 pardos, 52 pretos, 3 amarelos, 1 indígena. Segundo a ONG, 2 pessoas ainda se identificaram como quilombolas.
Dois prefeitos gays foram eleitos em Minas Gerais, nos municípios de Alpinópolis e Santa Bárbara do Tugúrio, enquanto Bonito, na Bahia, elegeu um prefeito cisgênero assexual.
Os partidos com mais candidaturas LGBTQIA+ eleitas foram PT (61), PSD (26), PSOL (18), PSB (16) e MDB (14). Do número total de pessoas LGBTQIA+ eleitas, 112 são de esquerda, 67 de centro e 46 de direita, segundo o estudo.
Embora o Brasil tenha batido recorde na eleição de candidaturas LGBTQIA+, a representação da sigla nos municípios ainda é extremamente baixa em comparação ao valor total. Com 5.570 municípios, o total de candidaturas eleitas representa aproximadamente 3,5% do território nacional.
A ONG VoteLGBT considera os dados de autoidentificação coletados pelo TSE no momento em que os candidatos são inscritos para concorrer às eleições. Esta é a primeira eleição em que a possibilidade de autoidentificação foi viabilizada oficialmente pelo sistema da Justiça Eleitoral.
Evorah Cardoso, coordenadora de pesquisa do VoteLGBT, destaca que a inclusão da autoidentificação nas informações coletadas pelo TSE pode representar uma grande mudança na forma como enxergamos o cenário político brasileiro. “Hoje a Justiça Eleitoral passa a coletar oficialmente dados sobre LGBT+, inclusive antes do próprio Censo realizar a inclusão dessas informações. Com isso, estamos descobrindo candidaturas LGBTs que não sabíamos da existência, anteriormente esse levantamento era feito exclusivamente pela sociedade civil e não conseguíamos alcançar a mesma capilaridade do TSE”, afirma.