Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Em 28 de outubro celebramos o Dia do Servidor Público. Aos servidores do Estado do Rio Grande do Sul fica a pergunta: o que comemorar?
Em meu caso específico, sou concursado de carreira, da área de segurança pública, com o cargo de agente penitenciário.
Fiz o concurso no final do século passado, em 1998, e ingressei em 2001. Coloquei a expectativa de ter uma carreira segura, com estabilidade financeira, que me demandaria muita atenção e zelo, pois lidaria como braço do Estado, que mantém segregado da sociedade todos aqueles que judicialmente o Estado determina.
Uma profissão de risco, que traz uma média de vida de 52 anos ao profissional que a exerce, que é comparada ao soldado combatente em estado de guerra no quesito tensão psicológica.
Permaneço fechado dentro de um estabelecimento penal cuidando para que a sociedade esteja segura, pelo meu turno de plantão. Pois a jornada de ciclo do dia completo é de 24 horas e faz-se necessário e de forma imprescindível que o turno esteja completo. São nos detalhes desta profissão que obtemos o êxito para o cumprimento do dever.
Ao longo dos 24 anos, vivenciei várias lutas sindicais, ganhos e perdas. Já tive que morar de favor, já busquei diversos empréstimos para pagar contas básicas como água, luz e gás. Por um tempo, recebi um salário digno que me fez ter orgulho de ter me empenhado, estudado e me preparado para exercer minha função, mas, atualmente, após 10 anos sem reposição de perdas inflacionárias, recebendo o mesmo que recebia em 2014, pagando as contas nos dias atuais, nesta data me sinto triste, pois por várias vezes em situações de crise e conflito vi minha vida passar como um flashback e mal consigo pagar as contas básicas.
Tenho acompanhado um crescimento enorme de adoecimento psicológico de meus colegas. No último ano, chegou ao extremo de servidores que optaram por saírem deste plano terrestre por iniciativa própria.
Tenho um sentimento que não consigo definir com clareza sobre o que comemorar. Exerço com máxima presteza minha profissão, mas não me sinto valorizado, tenho orgulho de minha instituição, mas não sei a qual instituição pertenço, pois ainda não sou regulamentado como policial penal, sou ainda agente penitenciário.
Estou em uma instituição que me cobra, mas não garante meus direitos. Assim como vários colegas servidores públicos, rezo para que venham dias melhores, para que eu consiga me manter com dignidade na profissão e que o Estado reconheça a necessidade de nos valorizar, para que possamos cumprir com os nossos compromissos financeiros e sermos o esteio de nossas famílias.
Desejo a todos os servidores públicos um amanhã melhor, com mais dignidade.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Voltar Todas de Cláudio Desbessell