Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de novembro de 2024
Um estudo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease investigou a relação entre o uso de medicamentos para dormir e o risco de demência. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) conduziram a pesquisa que revelou um aumento significativo no risco de demência entre aqueles que frequentemente utilizam esses medicamentos. Curiosamente, a frequência de uso e o tipo de medicamento foram identificados como fatores críticos nesta correlação.
A pesquisa destacou que, entre participantes brancos, aqueles que utilizavam medicamentos para dormir “frequentemente” ou “quase sempre” apresentavam um risco 79% maior de desenvolver demência comparado aos que “nunca” ou “raramente” os usavam. Em contrapartida, participantes negros, que apresentavam menor consumo de soníferos, não mostraram um aumento similar no risco, o que traz à tona questionamentos sobre fatores raciais associados ao uso de medicamentos e suas consequências.
Quais medicamentos aumentam o risco de demência?
Os benzodiazepínicos, amplamente prescritos para insônia crônica, como Halcion e Restoril, estão no centro das discussões. A pesquisa observou que pessoas brancas são significativamente mais propensas a utilizar esses medicamentos, elevando o risco de desenvolver demência. Além disso, antidepressivos como Donaren, também usados como soníferos, e as chamadas “drogas Z”, como o Zolpidem, foram associados a um risco elevado.
Os efeitos colaterais desses medicamentos são conhecidos há algum tempo; no entanto, a ligação direta com a demência reforça a necessidade de cautela. Os benzodiazepínicos, por exemplo, têm sido associados à dependência e déficits cognitivos a longo prazo, enquanto as “drogas Z” podem causar problemas como amnésia e sonambulismo.
Soluções alternativas para problemas de sono
Frente aos riscos associados aos medicamentos para dormir, buscar alternativas mais seguras torna-se essencial, especialmente para aqueles que lidam com a insônia. A terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-i) é frequentemente recomendada como tratamento de primeira linha. Para alguns, o uso de melatonina pode ser uma solução mais segura, mas sua eficácia e segurança a longo prazo ainda necessitam de mais estudos.
Uma avaliação precisa das causas dos problemas de sono é vital. A identificação de distúrbios como a apneia do sono, por meio de testes específicos, pode ajudar a determinar o tratamento adequado sem recorrer imediatamente a medicamentos potencialmente perigosos.
Quais fatores contribuem para o uso de medicamentos para dormir?
O estudo também analisou o papel da renda e do nível socioeconômico no consumo de medicamentos. Segundo Yue Leng, da UCSF, participantes negros que têm acesso a esses medicamentos podem pertencer a uma classe socioeconômica mais alta, o que lhes confere maior “reserva cognitiva” e, possivelmente, menor suscetibilidade à demência.
O acesso a medicamentos, supõe-se, pode estar vinculado a fatores como educação e apoio médico qualificado, que, por sua vez, influenciam a saúde cognitiva de forma mais ampla. Deste modo, questões socioeconômicas se entrelaçam com práticas de saúde.
Entendendo a Insônia e suas Implicações
Globalmente, um terço dos adultos relatam dificuldades ocasionais para dormir. Esta condição leva muitos a buscarem alívio em medicamentos, que oferecem uma solução rápida, mas potencialmente perigosa. É crucial conscientizar sobre os riscos a longo prazo associados aos tratamentos convencionais para insônia e incentivar a busca por abordagens mais seguras e sustentáveis.
Ao ponderar sobre o uso de medicamentos para dormir, a profundidade de análise hoje disponível sugere que decisões devem ser tomadas com cautela, equilibrando o alívio temporário dos sintomas com possíveis consequências a longo prazo para a saúde mental.