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Variedades 45 anos com corpo de 18? Empresário diz gastar 2 milhões de reais ao ano para rejuvenescer

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Experimento anunciado por Bryan Johnson para reduzir ritmo de envelhecimento chama atenção pela dieta restritiva e carga de exercícios. (Foto: Reprodução)

Com anúncio de investimento anual milionário, dieta extremamente restritiva, vários suplementos e carga exaustiva de exercícios físicos e exames diários, o empresário multimilionário americano Bryan Johnson tem o ambicioso objetivo de ter 18 anos novamente. “Estou tentando me tornar biologicamente idêntico a Talmage (filho adolescente dele). Gostaria que os médicos não fossem capazes de discernir quem é quem”, disse, em entrevista ao site da Vice dos Estados Unidos.

Faz dois anos que ele afirma se dedicar, quase integralmente, ao que passou a chamar de Projeto Blueprint. Aos 45 anos, diz ter conseguido reduzir sua idade biológica em 5,1 anos e reduzido seu ritmo de envelhecimento em 24%. À Bloomberg, definiu ter múltiplas idades num corpo só: coração de um homem de 37 anos, a pele de 28 anos, a capacidade pulmonar e a forma física de 18 anos.

Para isso, Johnson diz levar uma vida para lá de regrada. Vive num eterno déficit calórico (1.977 calorias, divididas em três refeições), toma mais de cem comprimidos de suplementos, tem uma dieta vegana, faz uma hora de exercícios diariamente (com treino de intensidade três vezes a semana), além de passar por carga exaustiva de exames todos os dias.

Ele é acompanhado por uma equipe de 30 médicos e especialistas em saúde, com um gasto de U$ 2 milhões ao ano (embora, nas redes, ele diga que seguir seu plano pode ser feito com apenas U$1,6 mil ao mês), segundo disse à Bloomberg.

Em um site, Johnson compartilha o passo a passo sobre como adotar o estilo de vida dele, que, segundo o próprio empresário, o faz se sentir mais “feliz”, “vivo” e “realizado” do que nunca. “Superficialmente, o Blueprint pode parecer algo sobre saúde, bem-estar e envelhecimento. É, na verdade, um sistema para tornar o amanhã melhor para você, para mim, para o planeta e para nosso futuro compartilhado com a inteligência artificial”, explica.

Especialistas da área da genética e geriatria, que estudam envelhecimento, avaliam que Johnson decidiu se tornar “rato de laboratório” de tratamentos sem evidências contundentes e se coloca em risco. Eles advertem que o envelhecimento é um processo heterogêneo e individual, e frisam que a adoção de qualquer dieta exige acompanhamento de profissionais de saúde.

Segundo os especialistas, Johnson parece confundir ser jovem com aparentar jovialidade, e que só há evidências de redução do ritmo de envelhecimento em animais – reversão ainda não é uma possibilidade nem neles. Envelhecer, explicam, é um processo natural e inexorável. Em vez de fugir dele, orientam que o que se deve buscar é o envelhecimento saudável, e, para isso, indicam que o radicalismo não é o melhor caminho.

Wilson Jacob Filho, professor de geriatria da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), afirma que, com restrições calóricas (como Johnson afirma fazer), já foi possível desacelerar o ritmo de envelhecimento em camundongos.

Em humanos, é mais difícil fazer experimentos assim, conta, porque exige seguir uma dieta bastante restrita de forma correta. “Existem alguns grupos extremamente dedicados a esta dieta com restrição calórica, que se obtém alguns resultados, mas não são resultados dignos de uma diretriz científica.”

Isso parece ser a tônica da estratégia de Johnson: adotar comportamentos que tenham qualquer tipo de evidência científica em impacto do envelhecimento e persegui-lo. O que pode ser bastante perigoso. “Antes de funcionar, a coisa tem que ser segura”, destaca Claudia Kimie Suemoto, professora associada da disciplina de geriatria da FMUSP.

Ela destaca que a aprovação e liberação de terapias segue uma “história natural”: “Testar num animal; depois, você vai para grupos de pessoas saudáveis, para ver se é seguro antes de efetivo. Quando você vê que é seguro, aí sim aumenta um pouquinho a amostra. O resultado foi legal? Faz um estudo grandão. Tem várias etapas e ele está pulando todas essas etapas.”

Dieta

Outra escolha bastante contestável de Johnson são os suplementos. Claudia destaca que a maior parte dos estudos que os avaliaram são “muito ruins”. “Estudos grandes populacionais nunca mostraram o benefício de nenhuma vitamina ou suplemento.”

Uma substância suplementada chamou bastante a atenção de Jacob: o lítio. “Usamos lítio como uma forma de tratamento pra doenças psiquiátricas. Qual é o motivo de você administrar para uma pessoa saudável? Nenhum.”

Jacob comenta, por outro lado, que evitar a carne animal faz mais sentido. “Existem evidências bem consistentes de que os alimentos a base de proteína animal, em especial quando elaborados com determinadas composições, são predisponentes de doença”, diz Jacob. E doença, por sua vez, encurta a vida.

Embora a abstinência diminua o risco de doença, o geriatra indica que o melhor é controlar a ingestão de proteína animal e evitar excesso, mas sem cortá-la completamente.

A chave para a alimentação saudável está na diversidade. “A dieta muito restrita geralmente leva ou para o lado da ausência ou para o lado do excesso de determinados nutrientes”, alerta o geriatra. “Qualquer tipo de dieta deve ser supervisionada por um profissional que saiba as consequências dessa dieta, ela não pode ser feita aleatoriamente.”

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