Após obter o sexto lugar na eleição municipal com 0,17% da preferência do eleitorado, Fabiana Sanguiné (PSTU) anunciou nessa quarta-feira (9) o apoio à candidatura de Maria do Rosário (PT) para o segundo turno da disputa à prefeitura de Porto Alegre, no dia 27 de outubro. O partido defende uma “voto crítico” na postulante ao segundo turno contra o atual mandatário, Sebastião Melo (MDB).
O comando da legenda (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) ressalta, porém, que a adesão não representa um aval ao programa de governo de Maria do Rosário. Há divergências em relação a pontos do projeto político da frente formada por PT, Psol, PCdoB, PSB e Avante. Fabiana declarou:
“Não temos acordo com o projeto de governabilidade com o Centrão e a responsabilidade fiscal dos banqueiros defendidos pelo governo Lula. Semear ilusões em um projeto de conciliação de classes, de governar para todos e de construir pactos para atrair o grande empresariado só desmobiliza e desmoraliza nossa classe, criando um caldo de cultura para o crescimento da extrema-direita. Devemos votar contra Melo, mas organizar a luta de forma independente, com uma oposição de esquerda e socialista aos governos municipal, estadual e federal”.
Dentre os candidatos que concorreram à Prefeitura de Porto Alegre no primeiro turno, somente Fabiana e Felipe Camozzato (Novo) declararam suas posições nessa reta final do pleito. Na terça-feira (8), o deputado estadual e ex-candidato (quarto colocado) manifestou apoio a Melo (MDB).
Camozzato e Melo repercutiram o anúncio com declarações a respeito da convergência de ideias em temas sensíveis como as privatizações. Ambos são defensores, por exemplo, da concessão do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) à iniciativa privada.
Fontes ligadas aos bastidores políticos da capital gaúcha avaliaram a decisão como algo já esperado, até por uma questão de alinhamento ideológico com o atual mandatário. Ou por ausência afinidade com a petista, historicamente vinculada a pautas de esquerda – ela já sinalizou que buscará o apoio de Juliana Brizola (PDT), terceira colocada.
Outros partidos ainda avaliam a postura a ser adotada. A grande expectativa está no posicionamento de Juliana Brizola (PDT), terceira candidata mais votada no primeiro turno, que ainda não se manifestou oficialmente mas já deu sinais de um provável apoio a Maria do Rosário.
Além disso, nessa quarta-feira o governador Eduardo Leite (PSDB) se manifestou a favor da candidatura de Melo à reeleição. Houve quem falasse em “ingratidão”, já que no segundo turno do pleito que o reconduziu ao Palácio Piratini, em 2022, o PT o apoiou contra o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), que por sua vez teve Sebastião Melo ao seu lado.
Como foi o primeiro turno
Sebastião Melo (MDB) largou na frente com 49,72% (345.420), desempenho que quase o reelegeu em primeiro turno. Já Maria do Rosário (PT) recebeu 26,28% da preferência do eleitorado (182.553). Em terceiro lugar ficou Juliana Brizola (PDT), com 19,69% (136.783 votos), seguida por Felipe Camozzato (Novo), com 3,83% (26.603 votos)
Os demais candidatos foram Luciano do MLB, do Up (1.476 votos, ou 0,21%), Fabiana Sanguiné, do PSTU (1.163 votos, ou 0,17%), Carlos Alan, do PRTB (483 votos, ou 0,07%), e Cesar Pontes, do PCO (204 votos, ou 0,03%). Já os votos em branco totalizaram 31.379 (4,18%), ao passo que os nulos foram 25.012 (3,33%). A eleição definiu, ainda, os 35 vereadores para a legislatura de 2025–2028 na capital gaúcha.
(Marcello Campos)