Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de agosto de 2020
Ao contrário do que alguns podem pensar, assumir a cor natural não é falta de cuidado
Foto: DivulgaçãoQuando falamos em moda, talvez uma das primeiras imagens que vêm à cabeça seja a de Miranda Priestly, a icônica personagem interpretada pela atriz Meryl Streep, de 71 anos, no filme “O Diabo Veste Prada” (2006).
Editora-chefe da fictícia revista Runway, Miranda emana poder. Os looks usados por ela no longa foram assinados pelas melhores grifes do mundo, mas foram os cabelos brancos que fizeram a imagem da personagem ser tão emblemática.
Meryl Streep gravou o filme quando tinha 57 anos e revelou em entrevista à época que sua inspiração para a cor do cabelo veio de Carmen Dell’Orefice, de 89 anos, atriz e modelo americana.
Dell’Orefice começou a modelar com 13 anos e, aos 14, posou para Salvador Dalí (1904 – 1989). Até hoje, segue sendo destaque em capas de revistas e desfiles. A relação de Carmen Dell’Orefice com os brancos também está relacionada a sua força. Nos anos 1960, com quase 40, a modelo fez a escolha de parar de pintar seus cabelos após um episódio no qual o marido arrancou um dos fios grisalhos de sua cabeça. A modelo tomou como inaceitável a ação do marido e reagiu, assumindo a cor de seu cabelo e tornando sua imagem ainda mais memorável.
No mundo da moda, é possível encontrar outras mulheres que se tornaram referência por seus cabelos, como é o caso de Sarah Harris, redatora-chefe da Vogue britânica e estrela de street style.
Assumir os brancos é mais natural na Europa, mas a tendência começa a ter adeptas no Brasil. Marina Bragante, de 40 anos, mestre em Gestão Pública por Harvard, é uma das mulheres que fizeram dos cabelos brancos uma de suas marcas registradas.
“Decidi que nunca ia pintar o cabelo logo quando os primeiros grisalhos começaram a aparecer. Isso aconteceu em torno de 2010. De 2015 para cá, eles ficaram cada vez mais brancos e, com isso, chegaram as críticas. As pessoas falam que eles me envelhecem ou que isso é falta de cuidado. Mas de uns dois anos para cá tenho notado que na mesma proporção das críticas chegam elogios”, conta Bragante.
Curiosamente, nesta mesma época, um relatório divulgado pela Mintel, empresa inglesa especializada em pesquisas de mercado, revelou que, em 2018, 68% das mulheres entre 25 e 64 anos já consideravam aceitável ter cabelos grisalhos.
Ao contrário do que alguns podem pensar, assumir a cor natural não é falta de cuidado. Ao contrário, pois exige atenção especifica para hidratar e evitar a oxidação da cor, que causa o amarelamento dos fios. Realizar tratamentos para a proteção de danos é fundamental, pois os fios brancos são mais suscetíveis ao ressecamento, que traz porosidade e “frizz”.
Para melhorar a saúde do cabelo, é necessário trazer água à sua estrutura com tratamentos com umectantes, ácido hialurônico e colágeno”, conta a cabeleireira Cris Dios. Ela desenvolveu um protocolo específico de cuidados para cabelos brancos a base de vitaminas e nutrientes. “A nutrição também é muito importante para manter os fios saudáveis com reposição lipídica, na qual usamos óleos, manteigas e silicones”, completa Cris.
Há 33 anos trabalhando com cuidados do cabelo, a expert revela que, nos últimos tempos, tem observado aumento no número de clientes que buscam a transição, que pode acontecer de diferentes formas. “Poder e liberdade é o que sinto quando vejo uma mulher assumir e cuidar dos seus cabelos brancos. Essa tendência tem tudo para ganhar cada vez mais força na moda”, diz.