Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2020
73% dos pediatras brasileiros afirmam que as crianças estão deixando de ser vacinadas por causa da pandemia de Covid-19, mostra uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (19) pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
“Nós consideramos que as crianças não devem deixar de cumprir seu calendário vacinal durante a pandemia. Elas precisam ser vacinadas”, ressaltou a pediatra Luciana Rodrigues Silva, presidente da SBP.
A médica frisou que não cumprir o calendário vacinal pode levar ao ressurgimento de outras doenças, como a pólio e o sarampo. (No ano passado, o Brasil perdeu o certificado de erradicação do sarampo, e mais mortes de crianças ocorreram no país neste ano por causa da doença).
“Muitas crianças deixaram de ir ao posto se vacinar por desinformação, por medo de seus familiares, de contaminação. A ida ao posto, desde que seguidos os protocolos de higiene, distanciamento, não tem problema nenhum”, afirmou Luciana.
Ainda de acordo com o estudo, que aplicou um questionário a 1.575 médicos em todo o país, 88% dos pediatras disseram que as crianças apresentaram alterações comportamentais. As oscilações de humor foram apontadas como a alteração mais frequente (3 a cada 4 respostas).
“Crianças precisam de estímulos: brincadeira, atividade física – na pandemia, elas também ficaram confinadas, o que foi prejudicial não só para maior irritabilidade, perda de atenção, como maior tempo de tela em frente aos computadores, aos telefones”, afirmou Luciana.
Ao todo, 951 pediatras e 574 ginecologistas em todos os estados do país e no Distrito Federal responderam às perguntas, entre 20 de julho e 16 de agosto.
Riscos entre gestantes
Entre os ginecologistas, mais de 80% disseram que as gestantes têm medo de pegar Covid-19 nas consultas de pré-natal, e 3 a cada 4 afirmaram que as pacientes temem ser infectadas na internação para o parto.
“A mulher grávida tem um risco muito maior de agravamento da doença do que se ela não estivesse grávida. No Brasil, nós temos um índice de mortalidade materna por Covid assustador – e isso é certamente pela assistência inadequada que nós damos às grávidas de forma geral. Por isso elas estão falecendo mais”, afirmou o diretor científico da Febrasgo, César Eduardo Fernandes.
Apesar dos riscos próprios da gravidez, a pesquisa apontou que o maior temor entre as mães foi o de passar a Covid-19 para o bebê ainda na barriga, segundo uma outra pergunta, de resposta aberta.
“A grávida não está preocupada com ela – ela coloca suas preocupações pessoais em segundo plano. Nenhuma grávida falou: ‘eu tenho medo de pegar Covid porque eu tenho medo de morrer’. O medo é com os riscos que traz ao bebê – medo de ir às consultas, de internar pro parto”, afirmou César.
O ginecologista frisou a necessidade de realização, no tempo adequado, do pré-natal, inclusive para evitar outras doenças, como a sífilis congênita. Cerca de metade dos especialistas (52%) disseram que as pacientes atrasaram o início das consultas na gravidez durante a pandemia.
“Tem que fazer o diagnóstico [da sífilis materna] antes de 14 semanas de gestação. Se a paciente atrasa o pré-natal – faz com 16, 20 semanas – os danos já estão feitos. É importante realizar os exames no tempo correto”, destacou César. As informações são do portal de notícias G1.