Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de setembro de 2015
Para milhões de cidadãos, a conta de poupança praticamente se converteu, desde o primeiro trimestre deste ano, em uma espécie de conta corrente remunerada, conforme o tempo de permanência dos recursos. Como a poupança rende 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial), ou seja, 6,17% ao ano, perdendo até da taxa da inflação acumulada em 12 meses medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 9,56% até julho, houve grande fuga de aplicadores, que buscaram opções mais rentáveis, mesmo com o recolhimento do IR (Imposto de Renda).
Só continuaram aplicando em poupança os assalariados, aposentados ou pessoas que recebem rendimentos mensais em datas fixas, a grande maioria passando por uma situação de aperto.
Caracteristicamente, os depósitos em contas de poupança aumentam no fim de cada mês com o pagamento de salários, aposentadorias e pensões, etc., e os valores vão sendo sacados pelas pessoas na medida de suas necessidades. Como os dados têm demonstrado, são cada vez mais escassas as sobras que poderiam ser deixadas nas contas; assim, as retiradas vêm superando os depósitos a cada mês.
Pior mês em 20 anos
Em agosto, o pior mês para as cadernetas em 20 anos, a tradicional engorda dos
depósitos no fim do mês
foi bem menor do que o esperado, ficando em 1,9 bilhão de reais no dia 31, quando a média dos últimos meses era de cerca de 4 bilhões de reais. O resultado foi que, em agosto, os saques (163,4 bilhões de reais) superaram os depósitos (155,8 bilhões de reais) em 7,5 bilhões de reais, sendo registrado o maior valor mensal de retiradas desde março (11,4 bilhões de reais).
O saldo acumulado da poupança vem decrescendo, estando agora em 645,1 bilhões de reais, inclusive rendimentos. Como esse saldo era, ao fim de dezembro de 2014, 662,3 bilhões de reais, de acordo com o BC (Banco Central), verifica-se que houve um decréscimo nessa aplicação, em termos nominais, de 17,5 bilhões de reais neste ano.
Construção Civil
Naturalmente, esse progressivo encolhimento das cadernetas de poupança preocupa o setor da construção civil, já que 65% dos recursos da poupança deverão ser destinados a financiamentos imobiliários. Recorda-se que, para amenizar essa situação, o Banco Central liberou, em maio deste ano, 22,5 bilhões de reais dos depósitos compulsórios sobre a poupança, para reforçar os empréstimos habitacionais.
A medida acabou tendo pouco efeito sobre o mercado, que se ressente não só de recursos, mas do desaquecimento da demanda que permeia toda a economia. (AE)