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Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2020
Apontados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) como parte do suposto esquema de corrupção liderado pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, o presidente do partido PSC, Pastor Everaldo, e o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, foram presos na operação batizada de Tris in Idem. A dupla teve a prisão autorizada após ambos terem sido citados na delação do ex-secretário de Saúde Edmar Santos.
Segundo investigações, o Pastor Everaldo seria um dos integrantes mais influentes no esquema de corrupção. Ficando abaixo apenas do empresário Mário Peixoto, que foi preso em maio na Operação Favorito. Everaldo lideraria pelo menos 12 pessoas em negociatas para desviar recursos na Saúde, Cedae e Detran. Entre eles, Laércio e Filipe Pereira, seus filhos, que também foram presos acusados de fazer parte da organização criminosa. Candidato à Presidência em 2014, o pastor usou de influência para apoiar a candidatura de Witzel em 2018. Não à toa, dispunha de espaço no governo, tendo realizado diversas nomeações.
Já Lucas Tristão exercia o papel de intermediador entre o governador e o empresário Mário Peixoto. O ex-secretário seria a pessoa de confiança para transferências de valores entre as partes. Uma dessas transações, segundo procuradores, indicam a transferência de R$ 225 mil para a conta do escritório de Tristão, que seria um pagamento feito pelas empresas de Peixoto.
Até junho, Tristão era secretário de Desenvolvimento Econômico. A demissão veio após o advogado, ex-aluno de Witzel no Espírito Santo, ser acusado de espionagem por deputados na Alerj. Antes disso, em maio, a situação de Tristão já havia sido abalada pela confirmação de que ele teria participado de almoço com Peixoto.
De acordo com as investigações, o terceiro braço do esquema de corrupção no governo é liderado pelo empresário José Carlos de Melo, dono da Universidade de Nova Iguaçu. “Os fatos não só são contemporâneos como estão ocorrendo e, revelando especial gravidade e reprovabilidade, a abalar severamente a ordem pública, o grupo criminoso agiu e continua agindo, desviando e lavando recursos em plena pandemia da Covid-19, sacrificando a saúde e mesmo a vida de milhares de pessoas, em total desprezo com o senso mínimo de humanidade e dignidade, tornando inafastável a prisão preventiva como único remédio suficiente para fazer cessar a sangria dos cofres públicos”, argumentou Benedito Gonçalves, presidente do STJ.
O ministro determinou o afastamento de Wilson Witzel do cargo de governador do Rio de Janeiro por 180 dias. A decisão ainda proíbe o acesso de Witzel às dependências do governo do estado, a sua comunicação com funcionários e a utilização de serviços a que tinha direito no exercício do cargo. As informações são do jornal O Dia e do STJ.