Quarta-feira, 12 de março de 2025
Por Redação O Sul | 31 de agosto de 2020
Cientistas temem que a corrida para imunizar o mundo contra a Covid-19 pode levar ao lançamento de uma vacina menos eficaz do que o ideal e ainda acabar piorando a pandemia. Diante de um cenário de competição entre políticos e empresas comerciais para licenciar a primeira vacina, estudiosos defendem que o ideal seria aguardar até que resultados abrangentes mostrassem pelo menos entre 30% e 50% de eficácia.
Na última sexta-feira, o Reino Unido anunciou que poderão ser aprovados poderes de emergência para se concluir uma vacina com velocidade sem precedentes antes do final do ano. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deseja anunciar uma vacina antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.
Conselheiro da Organização Mundial da Saúde (OMS), o professor Richard Peto, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, afirmou ao jornal britânico Guardian que uma vacina é vital para se deter a pandemia, mas alerta que a primeira anunciada seria inevitavelmente adquirida e usada em âmbito global, ainda que tivesse baixa eficácia.
Segundo Peto, mesmo que protegesse apenas uma minoria da população, o primeiro imunizante seria considerado o padrão pelo qual as vacinas posteriores seriam medidas.
“Há pressa, e essa é uma pressa um tanto nacionalista e um tanto capitalista, para se ser o primeiro a registrar uma vacina. E isso tornará realmente mais difícil avaliar outras vacinas. Precisamos com urgência de uma vacina que funcione, mas realmente precisamos de evidências bastante fortes de eficácia dela (antes de se iniciar a aplicação)”, disse Peto.
Cientistas do Grupo de Especialistas em Ensaios de Vacinas Solidárias da OMS, que é formado por cientistas líderes em todo o mundo, disseram na última semana à publicação especializada Lancet que uma vacina ruim seria pior do que nenhuma vacina, até porque as pessoas que fossem iunizadas presumiriam que não estavam mais em risco e impediriam o distanciamento social.
Japão
A Daiichi Sankyo Co informou nesta segunda-feira que sua candidata a vacina para Covid-19 baseada em RNA mensageiro (mRNA) foi selecionada para inclusão em um programa de descoberta de medicamentos pela Agência Japonesa de Pesquisa e Desenvolvimento Médico.
A vacina, conhecida como DS-5670, foi escolhida para a segunda rodada do programa dedicado à pesquisa sobre Covid-19. A Daiichi Sankyo pretende iniciar os estudos clínicos da vacina por volta de março de 2021, em colaboração com a Universidade de Tóquio.
Europa
A Comissão Europeia anunciou nesta segunda-feira que vai contribuir com 400 milhões de euros para uma iniciativa liderada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a compra de vacinas contra a Covid-19.
A iniciativa, batizada de Covax, pretende adquirir 2 bilhões de doses de potenciais vacinas contra a doença de vários fabricantes até o final de 2021.
A Comissão da UE está negociando acordos para compra adiantada de vacinas contra a Covid-19 com diversas fabricantes em nome dos 27 países que compõem o bloco e afirmou nas últimas semanas que os governos da UE não podem comprar vacinas por meio de programas de compras paralelos.
“Hoje, a Comissão está anunciando uma contribuição de 400 milhões de euros para a Covax para trabalharmos juntos na aquisição de vacinas futuras em benefício de países de rendas baixa e média”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A Comissão também disse em comunicado que está pronta, junto com os países da UE, “para colocar especialização e recursos para trabalharem dentro da Covax para acelerar e dar escala ao desenvolvimento e fabricação de um fornecimento global de vacinas para cidadãos ao redor do mundo, em países pobres e ricos”. As informações são do jornal O Globo e da agência de notícias Reuters.