Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Tarso Teixeira | 10 de setembro de 2020
Uma coisa é gostar de animais, outra bem diferente é ser médico veterinário.
Foto: ReproduçãoNesta semana, mais precisamente no dia 9 de setembro, transcorre o Dia do Veterinário, data em que um decreto federal normatizou, em 1933, tanto o exercício da profissão quanto o funcionamento dos cursos superiores de Medicina Veterinária. Sou formado como médico veterinário há exatos 44 anos, e posso dizer do orgulho de uma profissão que teve papel fundamental na transformação do Brasil nessa potência do agronegócio em todo o mundo.
A geração de profissionais que surgiu nas últimas quatro décadas, contribuiu de forma decisiva para o aprimoramento de uma verdadeira indústria, gerando empregos e mudando o perfil da economia de nosso país. Gerações de médicos veterinários, ao longo deste tempo, foram à luta, adquiriram conhecimento científico, importaram experiências e desenvolveram tecnologias próprias, adequadas à realidade do Estado e da Nação. E essa contribuição se deu das mais variadas formas: uns foram lecionar, contribuindo para a formação de novos técnicos. Outros foram para o setor público, introduzindo novos saberes na assistência técnica e extensão rural, instruindo o pequeno produtor em práticas de manejo e sanidade animal. E outros tantos, voltaram às propriedades rurais de suas famílias, e com sua expertise técnica, profissionalizaram o dia-a-dia de fazendas, criando um novo perfil de atuação rural.
Muitos, pela liderança quase natural que a atividade proporciona, ingressaram na vida pública, tornando-se prefeitos, vereadores, secretários de Agricultura de municípios e estados, líderes de sindicatos patronais e de trabalhadores, atuando nos fóruns de decisão, qualificando as políticas públicas, e contribuindo para que decisões oficiais levassem em conta critérios técnicos. Há também os que se tornaram empreendedores, tanto na gestão de clínicas profissionais quanto neste novo e inovador mercado ‘Pet”, um amplo setor de geração de empregos e novas tecnologias a serviço do bem-estar animal. E há também os que trabalham no resgate e tratamento de animais silvestres feridos pelo contrabando, como guardiões do patrimônio ambiental e genético do país – e, porque não dizer, do mundo.
Sem veterinários atuando na ponta da extensão rural, como agentes de inspeção de qualidade, não haveria a condição sanitária e legal para o funcionamento de frigoríficos de suínos, bovinos e aves, e não teríamos as divisas e empregos gerados por este ramo exportador.
Mas, se o conhecimento científico de gerações de veterinários conseguiu estes feitos, é bom ressaltar que o verdadeiro veterinário não é feito somente de pura técnica. A natureza da profissão exige um olhar sensível para os animais que tratamos, buscando interpretar suas dores entre balidos, uivos e ganidos – ou mesmo até pelo olhar do animal, seja qual for o seu porte. Quem escolhe esta profissão precisa aliar o conhecimento científico ao afeto, sempre recompensado em dobro. É a escolha de fazer a travessia nesse mundo interpretando essas “linguagens” e silêncios.
Parabéns a todos nós, médicos veterinários, profissionais que foram agraciados por Deus, com esse dom. Porque uma coisa é gostar de animais, outra bem diferente é ser médico veterinário, promotor de saúde e de vida, tanto para eles quanto para os humanos que deles necessitam.
Tarso Teixeira –
médico veterinário, superintendente do Incra/RS e vice-presidente da Farsul
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