Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 11 de setembro de 2020
O youtuber carioca Marcos Vaz, de 32 anos, dizia que “vivia no paraíso”. Ao lado da namorada, a argentina Ines Lafosse, também de 32, morou por quase seis meses em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Esta semana, porém, o casal deixou a cidade após sofrer ameaças em razão de um vídeo publicado no canal “Vaz Aonde” que mostrava aglomerações nas praias do município no último fim de semana.
“Esse foi o primeiro feriadão que passamos em Arraial, e sempre ouvimos que a cidade é outra em dias assim. Fica muito cheia. Foi por isso que fizemos o registro. Dias antes, publicamos outro vídeo compartilhando as regras que deveriam ser seguidas pelos turistas em meio à pandemia. Listamos as medidas adotadas pela prefeitura e até elogiamos o trabalho feito. A cena das praias cheias se repetiu em todo o Brasil, não foi exclusividade de lá. Nosso intuito era apenas compartilhar informação com quem tinha interesse de conhecer a cidade’, conta Marco.
As imagens das praias cheias foram compartilhadas no canal do YouTube de Marcos no último domingo (6). A princípio, ele recebeu algumas críticas sobre o conteúdo nas redes sociais, mas na terça-feira (8) uma mensagem de áudio com xingamentos e ameça de agressão foi o que o levou a deixar a cidade. Na mensagem, um homem ainda não identificado diz que Marcos “está queimando a cidade” e que ele “vai ter um problema sério” se não apagar o vídeo. O homem ainda promete formar um grupo para expulsá-lo de Arraial após uma “coça”.
“Fiz um boletim de ocorrência assim que recebi esse áudio na terça-feira. Eu menti no meu Instagram dizendo que já tinha saído da cidade para tentar despistar essas pessoas, escondi meu carro e comecei a arrumar as malas com Ines. Logo no início da manhã seguinte, já estávamos na estrada. Tivemos muito medo porque Arraial é um lugar pequeno, e imaginei que quem fez as ameaças já soubesse onde morávamos”, relata.
Marcos produz conteúdo sobre viagens na internet há cinco anos. Com a exposição nas redes, ele conta que críticas são comuns, mas não ameaças. Ele acredita que de alguma forma também levantou um debate sobre quem aproveita o anonimato das redes para cometer crimes. Ao lado de Ines, pretende continuar o trabalho e espera que os responsáveis sejam punidos.
“Durante meses, fomos um canal de comunicação com quem queria conhecer Arraial, vesti a camisa e apresentei todas as belezas do lugar,mas nunca escondemos o que era errado. Quem fez isso desconhece completamente o meu trabalho. Pausei um pouco esses dias por tudo que aconteceu, mas em breve estaremos de volta. A minha parte eu já fiz, e espero que encontrem o responsável”, ressalta.
Em nota, a Polícia Civil informou que de acordo com a 132ª DP (Arraial do Cabo) as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias do fato. Agentes já realizam diligências que possam auxiliar nas investigações.