Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de outubro de 2020
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, afirmou, nesta quarta-feira (21), que “não há intenção de compra de vacinas chinesas” contra a Covid-19. A afirmação foi feita um dia depois de a própria pasta anunciar uma negociação para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac contra a covid-19.
“Não houve qualquer compromisso com o governo do Estado de São Paulo ou seu governador no sentido de aquisição de vacinas contra covid-19”, disse Franco. “Tratou-se de um protocolo de intenção entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, sem caráter vinculante. Não há intenção de compra de vacinas chinesas”, acrescentou o secretário.
As declarações do secretário-executivo vão na contramão de uma nota divulgada na terça-feira (20) pelo próprio Ministério da Saúde, que anunciava a intenção de compra. O texto previa, inclusive, a edição de uma medida provisória para disponibilizar R$ 1,9 bilhão para a aquisição.
“Além das vacinas já adquiridas previamente (AtraZeneca e Covax), o Governo Federal assinou protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da Butantan-Sinovac, após negociações com o Instituto Butantan. Para tanto, será editada uma nova Medida Provisória para disponibilizar crédito orçamentário de R$ 1,9 bilhão. O Ministério da Saúde já havia anunciado, também, o investimento de R$ 80 milhões para ampliação da estrutura do Butantan – o que auxiliará na produção da vacina”, diz o texto de terça.
“Compromisso”
O anúncio do governo federal, de intenção de compra, foi feito depois de uma reunião do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com os 27 governadores, também na terça-feira.
O ministro afirmou que a pasta enviou uma carta ao Instituto Butantan, em São Paulo, na qual se comprometia a adquirir as vacinas fabricadas pelo instituto até o início de janeiro. O Butantan tem um contrato com a Sinovac de fornecimento de doses e de transferência de tecnologia da Coronavac.
“Nós já fizemos uma carta em resposta ao ofício do Butantan e essa carta, ela é o compromisso da aquisição das vacinas que serão fabricadas até o início de janeiro, em torno de 46 milhões de doses. E essas vacinas servirão para nós iniciarmos a vacinação ainda em janeiro”, disse o ministro.
O contrato do instituto com a Sinovac prevê que a farmacêutica envie 6 milhões de doses da vacina já prontas até dezembro, enquanto as outras 40 milhões teriam o processamento finalizado (o envasamento) no Butantan.
De acordo com Dimas Covas, diretor do Butantan, até o final do ano o instituto teria as 46 milhões de doses prontas. O contrato para transferência de tecnologia previa que o instituto pudesse fabricar as vacinas em território brasileiro a partir de 2021.
O governo paulista também anunciou a previsão de adquirir mais 15 milhões de doses até fevereiro de 2021, chegando ao total de 61 milhões com verba própria. A expectativa era que, com o dinheiro do governo federal, mais 40 milhões fossem adquiridas, chegando a 100 milhões até maio de 2021.