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Por Redação O Sul | 17 de setembro de 2015
O que levou milhares de pessoas em todo o mundo a demonstrar pesar pela morte de Steve Jobs, fundador da Apple, no fim de 2011? Foi por causa do carisma de um dos ícones do Vale do Silício (EUA)? Foi uma maneira de agradecer ao homem que criou produtos inovadores como o iPod, o iPhone e o iPad? Essas são algumas das perguntas que Alex Gibney, ganhador de um Oscar em 2008, tenta responder com o documentário “Steve Jobs: The Man in the Machine” (“Steve Jobs: O Homem na Máquina”, em tradução livre), que chegou há alguns dias aos cinemas dos Estados Unidos.
Gibney já havia feito um documentário sobre a igreja da Cientologia no início do ano. Agora ele tenta desmistificar e humanizar a figura de Jobs – considerado um visionário do marketing e dos negócios, conhecido por seu caráter despótico e por manter relações pessoais complicadas.
A estreia de “O Homem na Máquina” coincidiu com a exibição de um outro filme sobre Jobs em um festival de cinema em Telluride, no Colorado (EUA). O filme “Steve Jobs” é dirigido pelo britânico Danny Boyle e baseado em parte na biografia do fundador da Apple, escrita, em 2011, por Walter Isaacson.
O longa de Boyle, estrelado por Michael Fassbender, também mostra aspectos pouco conhecidos da vida pessoal de Jobs, e contou com a colaboração de Steve Wozniak, cofundador da Apple.
Já no caso do filme de Gibney, nenhum dos dirigentes atuais da companhia aceitou dar entrevistas. Eddy Cue, vice-presidente da Apple Internet, chegou a dizer: se trata de um retrato “miserável e inexato de meu amigo. Esse não é Steve Jobs que conheci.
Vida pessoal.
Um dos episódios mais polêmicos do documentário envolve o reconhecimento de paternidade da filha do empresário, Lisa. Durante anos, o milionário se recusou a reconhecer a paternidade e até colocou em dúvida um exame de DNA. Ele pagava apenas uma pensão de algumas centenas de dólares. Com o tempo, ele se aproximou da jovem e ela adotou seu sobrenome.
O documentário deixa claro que a vida pessoal não foi a única parte complicada da vida de Jobs. O trato com os funcionários da Apple era difícil devido ao seu temperamento forte e à obsessão por controlar os mínimos detalhes.
O senso de ética do fundador da Apple também cai em contradição quando são expostos esquemas financeiros destinados à evasão fiscal – como a criação de empresas de fachada na Irlanda. E quando ele foi investigado pelas autoridades, em 2006, pela suposta alteração de documentos para aumentar o valor de opções sobre ações outorgadas pela Apple, que acabou apontando o dedo a um dos subordinados de Jobs. O documentário também relata a disputa de Jobs com a publicação tecnológica Gizmodo, que teve acesso, em 2010, a um dos modelos de iPhone que ainda não havia sido lançado.
Retrato justo ou injusto?
Gibney disse que não pretendia pintar Jobs como um vilão. “Não há dúvida de que se trata de uma visão mais crítica de Jobs e de sua vida do que estamos acostumados”, disse Mikey Campbell, editor da publicação Apple Insider. “É sabido que Jobs tratava a Apple e seus produtos como se fossem seus filhos e o resto não parecia importante”, disse. “Não acredito que Gibney apresente um retrato injusto de Jobs.”
Segundo Pamela McClintock, jornalista da revista The Hollywood Reporter, a estreia do filme e do documentário mostram que ainda há muito interesse na figura de Jobs. “É provável que muitos espectadores assistam tanto ao filme quanto ao documentário para ter uma ideia mais completa da figura de Jobs”, afirmou.