Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de novembro de 2020
A deputada federal Flordelis (PSD-RJ) participou, no Fórum de Niterói (Região Metropolitana do Rio), da primeira audiência referente ao processo em que ela e outras dez pessoas são acusadas pelo homicídio do marido, o pastor Anderson do Carmo, morto em 16 de junho de 2019, ao chegar em casa, em Niterói.
Ao chegar ao fórum, usando tornozeleira eletrônica por ordem judicial, afirmou à imprensa: “não mandei matar meu marido, eu não faria isso”. Por estar atrasada, a parlamentar recebeu uma bronca da juíza Nearis dos Santos Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, responsável pela audiência.
Flordelis, também pastora evangélica e cantora gospel, é considerada pela Polícia Civil do Rio a mandante do assassinato do próprio marido e foi denunciada pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) por quatro crimes consumados e um tentado: homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica.
Com imunidade parlamentar, ela não foi presa. Sete filhos e uma neta de Flordelis, também denunciados pelos crimes, estão presos. Ao todo, 11 réus respondem por envolvimento na morte de Anderson do Carmo e acompanharam a audiência. Foram convocadas para depor 18 testemunhas de acusação, mas só 11 compareceram. Se a juíza considerar necessário, pode interromper a audiência e retomá-la em outro dia.
Relações
A delegada Barbara Lomba, responsável pela primeira fase das investigações, disse que havia relações sexuais entre vários integrantes da família na época em que viviam na favela do Jacarezinho, no Rio. As informações são do jornal O Globo.
“Havia relações entre todos ali. Flordelis não se relacionava só com o Anderson e o Anderson não se relacionava só com ela (Flordelis)”, disse a delegada, ao descrever aspectos sobre a família que lhe chamaram atenção ao apurar o assassinato.
A delegada foi a segunda testemunha de acusação a ser ouvida na audiência, na qual a deputada chegou 45 minutos atrasada e chegou a levar uma bronca da juíza Nearis dos Santos.
De acordo com a reportagem, a delegada descreveu com detalhes a relação entre os integrantes da família. Bárbara afirma que as informações lhe foram passadas informalmente por Flávio dos Santos, filho biológico de Flordelis.
“Flávio se disse revoltado com as relações que ele viu (na casa). As relações eram baseadas na mentira. Estabeleceu-se uma lógica familiar baseada em estratégia e fachadas tinham que ser montadas. Muitas coisas que aconteciam lá, não poderiam aparecer”, disse a delegada.
Bárbara ainda disse que a deputada “elegeu” Anderson, que chegou à casa de Flordelis ainda adolescente, como seu marido, pois seria o “mais preparado” para a função.
Antes da delegada, quem prestou depoimento foi o delegado Allan Duarte, responsável pela segunda fase das investigações. Ele fez declarações no mesmo sentido das de Bárbara. “Eles (Flordelis e Anderson) se apresentavam como um casal amoroso para a sociedade, mas às escuras era totalmente diferente”, disse Allan.
Durante seu depoimento, Flordelis negou participação no crime. “Eu não mandei matar meu marido. Jamais faria isso”, disse. A deputada federal não foi presa porque possui imunidade parlamentar, mas ela sofre um processo por quebra de decoro na Câmara e pode perder seu mandato. Flordelis usa tornozeleira eletrônica.