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Esporte Ex-atletas denunciam abuso moral na seleção brasileira de ginástica rítmica

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Apresentação com as fitas da ginasta brasileira Angélica Kvieczynski.

Foto: Luiz Pires/VIPCOMM
Apresentação com as fitas da ginasta brasileira Angélica Kvieczynski. (Foto: Luiz Pires/VIPCOMM)

Ex-atletas da seleção brasileira de ginástica rítmica denunciaram uma rotina de abuso moral, xingamentos e um controle radical do peso delas. Ao todo, 27 ginastas confirmaram incidentes do tipo.

De acordo com declarações à imprensa, as mulheres que sofreram abuso estavam sob a responsabilidade da comissão técnica da seleção brasileira da modalidade de 2000 até a última Olimpíada, disputada em 2016 no Rio de Janeiro.

Uma delas é Angélica Kvieczynski, medalhista nos Jogos Pan-Americanos no de 2011, em Guadalajara, e em 2015, em Toronto. Ao todo, ganhou seis medalhas: uma de prata e cinco de bronze. A paranaense relatou que foi xingada durante os treinamentos por conta de seu peso: “Parece um cavalo saltando, uma vaca gorda saltando aqui na minha frente, de tão pesada que você está”.

Além disso, a ex-ginasta ressaltou que quase se suicidou por conta dos traumas sofridos em sua época de atleta.

“Comecei a usar roupa da minha mãe, roupas muito largas, eu me sentia nojenta. O que me fazia sentir melhor era comer, me sentia um lixo. Isso é a primeira vez que estou falando: eu ia cortar os punhos, entrar no banheiro e me cortar, só não consegui porque minha irmãzinha chegou no quarto. Eu nunca mais ia ver ela. Eu desisti, a minha irmãzinha sempre foi meu anjo”, revelou.

Em depoimento em abril do ano passado, Angélica havia contado ginasta com transtorno alimentar obrigada a se pesar quatro vezes por dia.

Ana Alencar, que integrou seleção brasileira de ginástica rítmica de 2008 a 2010, disse que se as atletas tivessem engordado durante o fim de semana seriam punidas pelos seus treinadores. Disse ainda que na hora de pesagem quase todas ficavam praticamente nuas para não terem nada no corpo que pudesse dar alterações na balança.

“Não podia beber água, a gente ia pesar e ficava nua, tirava shorts, camiseta, tudo que podia pesar porque sabia que se tivesse engordado era punição. Eles falavam que minha boca era torta, que eu era uma demente. Chamavam a gente de burra, jumenta e que a gente não sabia fazer nada”, afirmou Ana.

Já Natália Eidt detalhou uma das formas que ela fazia para perder peso e não ser mal tratada pelos seus treinadores.

“Eu me enrolava toda em plástico, ligava o chuveiro do banheiro em uma temperatura alta e ficava pulando para conseguir suar e perder peso”, explicou.

Clarisse Santos, atleta da seleção em 2005 e 2006, disse que ouviu de um técnico que ela precisava emagrecer em um dia 4 quilos e que, após treinar em jejum durante todo o dia, desmaiou ao chegar em casa. Os pais dela entraram em contato com a Confederação Brasileira de Ginástica, mas nunca obtiveram uma resposta sobre o episódio.

“Eu ouvia todos os dias que eu estava gorda, sem ter sido medida o percentual de gordura, pesando três vezes ao dia, sem ter nutricionista para fazer minha dieta”, confessou Clarisse.

O assessor jurídico da CBG, Paulo Schimtt, responsável pelo programa de integridade e ética da CBG, criado em 2018, negou que tenha recebido o e-mail dos pais de Clarisse e confirmou que “erros” devem ter sido cometidos.

 

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https://www.osul.com.br/ex-atletas-denunciam-abuso-moral-na-selecao-brasileira-de-ginastica-ritmica/ Ex-atletas denunciam abuso moral na seleção brasileira de ginástica rítmica 2020-12-20
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