Terça-feira, 01 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de fevereiro de 2021
Entidade também disse que a hipótese de que o vírus tenha sido vazado em um acidente de laboratório é "extremamente improvável" e não requer mais estudos
Foto: ReproduçãoRepresentantes da missão da OMS (Organização Mundial de Saúde) à China para descobrir as origens do novo coronavírus disseram, nesta terça-feira (9), que o vírus pode ter circulado em outro lugar antes de Wuhan, cidade chinesa onde foi detectado pela primeira vez.
A entidade também disse que a hipótese de que o vírus tenha sido vazado em um acidente de laboratório é “extremamente improvável” e que essa possibilidade não está entre as que a organização sugere para estudos futuros.
O chefe da equipe chinesa da OMS também disse que não há evidências de que o vírus estivesse circulando antes de dezembro de 2019, quando os primeiros casos de Covid no mundo foram relatados. “Não há indicação da transmissão do Sars-Cov-2 na população do período anterior a dezembro de 2019”, disse Liang Wannian, chefe da equipe da China.
Quatro hipóteses
O especialista em vírus Peter Ben Embarek, que participou da missão da OMS, também disse que a apuração revelou novas informações, mas não mudou dramaticamente o cenário da pandemia. Ele explicou que a entidade trabalhou com quatro hipóteses ao começar a investigação da origem do vírus:
A da transmissão direta entre espécies – de algum animal diretamente para a espécie humana; a da introdução por meio de um hospedeiro intermediário, no qual o vírus ficou um tempo, se adaptou – isto é, sofreu mutações e pressão seletiva que possibilitaram a ele infectar humanos – e só então passou a circular; a da contaminação por meio de alimentos congelados; a de que um acidente de laboratório tenha feito com que o vírus vazasse para a população em geral. Esta hipótese não é sugerida pela OMS para futuros estudos, porque é “extremamente improvável”, segundo Ben Embarek.
Os especialistas, que apresentaram um resumo preliminar do relatório que entregarão à OMS, indicaram que durante sua estada em Wuhan – que incluiu duas semanas de quarentena estrita em um hotel, conforme prevê a regulamentação chinesa contra o coronavírus para quem chega do exterior – examinaram prontuários médicos e amostras de sangue coletadas antes da detecção dos primeiros casos, em dezembro, nessa cidade. Eles também analisaram dados de venda e consumo de medicamentos para sintomas semelhantes aos causados pela covid-19, para verificar se houve maior uso nas semanas e meses anteriores.
Os pesquisadores também examinaram a hipótese que circulou no início da epidemia e que considerava o mercado de frutos do mar de Huanan como uma possível origem da doença. Aproximadamente dois terços dos mais de 40 casos originais tinham vínculos, como vendedores ou clientes, com esse mercado, onde também eram vendidos animais domésticos e silvestres. Mas o terço restante, não.
“Não sabemos o papel exato” do mercado, observou Ben Embarek. “Sabemos que houve casos ali, entre pessoas que lá trabalhavam ou o visitaram, mas não sabemos como o vírus se introduziu ou como se disseminou.” Os cientistas mapearam os casos relacionados ao mercado ― se eram vendedores, onde ficava sua barraca, por exemplo – e possuem as sequências genéticas de alguns deles. Isso lhes permitiu determinar que o mercado era uma fonte de propagação, mas houve outras na cidade.