Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 16 de fevereiro de 2021
Os soldados que foram expulsos do Exército britânico por sua orientação sexual ou identidade de gênero poderão recuperar suas medalhas, anunciou nesta terça-feira (16) o Ministério da Defesa.
Até uma mudança na legislação em 2000, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros não podiam servir no Exército britânico.
Alguns foram expulsos (entre 200 e 250 por ano, segundo o jornal The Guardian) e perderam suas medalhas quando foram desmobilizados.
Em seu site, o Ministério da Defesa declarou estar “empenhado em remediar esse erro histórico”, implementando “uma política que permita a essas pessoas reivindicarem a devolução de suas medalhas”.
Os soldados afetados – ou seus parentes próximos, caso já tenham morrido – podem agora solicitar que seu caso seja examinado e receberão uma nova medalha se o caso for aprovado.
O primeiro-ministro Boris Johnson comemorou a notícia, que permitirá “enfrentar um erro histórico” e reparar esta “enorme injustiça”.
O anúncio também foi saudado pela associação de veteranos Fighting with Pride, que acolheu com agrado este “regresso dos veteranos LGBT+ à família militar (…) onde serão reconhecidos pelos seus serviços”.
A mudança ocorre após a batalha legal do ex-veterano da Guerra das Malvinas Joe Ousalice, que no ano passado conseguiu reaver a medalha que lhe foi confiscada quando foi forçado a deixar a Marinha Real por causa de sua orientação sexual.
Natural de Southampton, agora com 70 anos, ex-operador de rádio que também serviu no Oriente Médio e na Irlanda do Norte durante sua carreira de 18 anos, foi destituído de sua medalha por seus anos de serviço e boa conduta após ser condenado por um conselho de guerra em 1993 por sua bissexualidade.
Meses depois de chegar ao poder, em 2017, o ex-presidente americano Donald Trump anunciou que iria proibir o Departamento de Defesa de recrutar pessoas transgênero. Após a assinatura do memorando obrigatório, a medida entrou em vigor em 23 de março de 2018, num duro golpe para o coletivo transgênero, o elo mais fraco da comunidade LGBT, que com a Administração Barack Obama teve a possibilidade de mudar de sexo quando já fazia parte do Exército. Logo no início de seu mandato, em seu sexto dia, mais precisamente, cumprindo uma promessa de sua campanha eleitoral, o novo presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma ordem executiva suspendendo a proibição.
A assinatura da ordem executiva implica a proibição de expulsão de qualquer integrante do Exército em razão de sua identidade de gênero. Eles poderão servir e ser registrados com seu gênero assim que concluírem a transição. O decreto também encarrega os departamentos de Defesa e da Segurança Nacional de revisar os registros de serviço dos militares que foram demitidos ou tiveram rejeitada sua reintegração por questões de identidade de gênero. Os dois departamentos deverão apresentar um relatório do progresso desse trabalho até março.