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Brasil Remdesivir: Saiba como funciona a droga contra o coronavírus aprovada no Brasil e contraindicada pela Organização Mundial da Saúde

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. (Foto: Divulgação/Gilead)

Um ano e um dia após o início da pandemia, o Brasil aprovou o primeiro medicamento específico contra a doença: o remdesivir, desenvolvido pela farmacêutica americana Gilead Sciences. O anúncio foi feito na manhã da sexta-feira (12) por representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

A droga desenvolvida pela Gilead Sciences pertence à classe dos antivirais, que têm o objetivo de diminuir ou interromper a replicação dos vírus dentro do nosso corpo. “O papel exato que ela faz frente à covid-19 permanece incerto”, observa o infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo.

No início da infecção, o coronavírus invade as células localizadas na boca, no nariz e nos olhos. A partir daí, ele aproveita o maquinário celular para criar novas cópias de si mesmo, que perpetuam esse processo ao se apoderarem de novas células. Esse ataque avança por várias partes do organismo e alcança órgãos como os pulmões e os intestinos.

Para completar a bagunça, ocorre uma reação inflamatória, que pode lesar outros sistemas e tecidos vitais do corpo. A consequência dessa agressão toda são os sintomas típicos da covid-19, como febre, dor muscular, tosse e falta de ar.

Na maioria dos casos, o sistema imunológico consegue controlar a situação após alguns dias. Mas muitos pacientes evoluem mal. Eles precisam ficar internados e recebem doses de oxigênio e outros cuidados para sobreviver. Uma parcela deles, infelizmente, não resiste aos danos e acaba morrendo.

O remdesivir atuaria em alguma dessas etapas do processo infeccioso, freando a replicação do vírus no organismo humano. O remédio foi testado num estudo patrocinado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos que envolveu 1.048 voluntários hospitalizados com covid-19. Entre fevereiro e maio do ano passado, 532 participantes da pesquisa receberam doses do medicamento durante 10 dias.

Os outros 516 tomaram placebo, que é uma substância sem nenhum efeito terapêutico. Ao observarem como os dois grupos se saíram, os cientistas notaram que aqueles que foram tratados se recuperaram após 10 dias, em média. Já na turma do placebo, esse tempo se prolongou para 15 dias.

Esses dados foram publicados no dia 5 de novembro no periódico científico The New England Journal of Medicine. Duas semanas depois, a OMS divulgou uma atualização em suas diretrizes contraindicando o uso do Remdesivir por não considerar que ainda havia uma comprovação científica robusta.

“As evidências sugerem uma falta de benefícios em mortalidade, necessidade de ventilação mecânica, tempo de melhora clínica e outros desfechos importantes”, anunciou a entidade. Para Stucchi, a decisão da OMS tem a ver com os efeitos discretos e o valor elevado do tratamento. “Em termos de custo-benefício, o remdesivir não se mostrou efetivo ainda”, avalia a médica.

O preço de venda no Brasil ainda não está definido. Mas, nos Estados Unidos, o valor do tratamento completo fica na casa dos US$ 3 mil (cerca de R$ 17 mil). Por meio de nota enviada à imprensa após a aprovação da Anvisa, a diretora médica sênior da Gilead Sciences no Brasil, Rita Manzano Sarti, comentou a questão: “Acreditamos que muitas vidas poderão ser salvas frente aos benefícios que o remdesivir pode gerar num momento de pico da pandemia, desafogando o sistema de saúde e dando oportunidade para mais pacientes serem tratados adequadamente.”

Durante a coletiva de imprensa, a Anvisa também deu o seu ponto de vista sobre as avaliações distintas feitas pelas agências regulatórias internacionais e a OMS: “O estudo feito pela OMS avaliou mais a ocorrência de mortalidade e pacientes com perfil um pouco diferente dos avaliados nos outros estudos que consideramos para liberar o remédio. O estudo que consideramos válido focou na redução do tempo de hospitalização dos pacientes, e vimos que houve uma redução na hospitalização”, defendeu Renata Soares, gerente de avaliação de segurança e eficácia da Anvisa.

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