Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2015
Com o governo Dilma Rousseff ladeira abaixo, empurrado pela repercussão da Operação Lava-Jato e pela economia em queda livre, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, no final de agosto, que estava de volta à lida. Na verdade, ele jamais “desembarcou” de sua atuação política e de vendedor de suas ideias sobre o País.
Os detalhes de sua intensa agenda de viagens nacionais e internacionais nos últimos anos estão em fase final de coleta de informações na investigação sigilosa que ocorre no NCC (Núcleo de Combate à Corrupção), do MPF (Ministério Público Federal) do Distrito Federal. O MPF-DF quer saber quem paga a conta do sobrevoo continental do ex-presidente.
Levantamento do Instituto Lula apontou que, de 2011 a 2014, ele visitou boa parte do planeta. A maratona teve 174 reuniões, nas quais Lula se encontrou com 107 chefes de Estado, autoridades, empresários e dirigentes de organismos multilaterais e organizações sociais, 63 deles no Brasil e 111 no exterior.
Neste período, Lula amealhou 28 títulos e tem uma lista de mais 65 outorgados a receber. Contando a despesa com passagens aéreas somente de 2013, 2014 e 2015, o ex-presidente gastou, a preços de classe econômica, cotados há poucos dias em empresas aéreas, 38 mil dólares, cerca de 152 mil reais.
Suspeita
O caso das viagens de Lula ganhou peso no NCC em julho, quando o procurador Valtan Timbó Martins Furtado fez andar despacho sobre uma Notícia de Fato (NF 3.553/2015) solicitada pelo procurador Anselmo Lopes, que recolheu material de imprensa sobre as viagens de Lula e as relações dele com empreiteiras investigadas na Lava-Jato. A canetada de Furtado transformou a Notícia de Fato de Lopes em PIC (Procedimento de Investigação Criminal), ato que corresponde a um inquérito na esfera da PF (Polícia Federal). A investigação quer elucidar suspeitas de ligações do ex-presidente com empresas patrocinadoras de viagens e compradoras de palestras.
O PIC determinou que a DAG Construtora e a Odebrecht expliquem custos de viagens, assim como entreguem as listas de passageiros. Pediu à Delegacia Especial do Aeroporto Internacional do Distrito Federal, da PF, os registros de entrada e saída de Lula e do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino de Alencar, e dados sobre voos privados. A Odebrecht respondeu no dia 22 de agosto. A Líder não comentou o caso, que corre em sigilo a pedido do Instituto Lula, do BNDES e do Itamaraty. (AE)