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Carlos Roberto Schwartsmann Prescrever ou não: eis a questão

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Nada substitui o tratamento humanizado e com compaixão. (Foto: Gerardo Cárdenas)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A COVID-19, além de ser uma doença nova, que está determinando um número inimaginável de mortos em todo mundo, já se tornou a enfermidade mais polêmica da história.

Todos detêm conhecimentos profundos e indiscutíveis sobre a doença baseado em informações da mídia e do WhatsApp.

Até os médicos, que se baseiam na literatura médica, estão confusos e se debatem publicamente contra ou a favor do chamado tratamento precoce.

No dia 23 de março a Associação Médica Brasileira (AMB) publicou carta que afirma: “a utilização de medicações como a cloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, colchicina entre outras, drogas que não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da covid-19… deve ser BANIDA”.

Este atual posicionamento é o oposto ao recomendado em julho de 2020 quando a entidade defendeu a autonomia do médico em receitar qualquer tipo de medicamento.

A carta, longe de refletir a opinião da maioria dos médicos, exigiu que 2 dias após, o Conselho Federal de Medicina (CFM) contestasse o parecer emitindo nota intitulado: “Reflexões sobre o enfrentamento da pandemia de covid-19”.

Lembro que o CFM é uma autarquia federal de direito público e que é a única instituição que tem competência legal de autorizar qual o tratamento que pode ou não ser feito no País.

As autonomias do médico e do paciente devem ser respeitadas. Cabe ao médico decidir qual o tratamento que irá prescrever ao paciente e o mesmo tem a autonomia de optar ou não pelo tratamento.

O CFM representa 530 mil médicos e lembra que mais de 650 já foram vítimas fatais da covid-19.

Segundo entrevista concedida no mesmo dia, o presidente do CFM, Dr. Mauro Ribeiro esclareceu que o conselho tem um comitê científico que analisa diariamente todos trabalhos publicados a respeito da pandemia na literatura médica.

Conclui que ainda não é possível haver consenso farmacológico no tratamento da doença viral. Existem trabalhos que indicam benefícios e outros não. Todos estão sob investigação!!

Entretanto, já existe consenso a respeito de medidas eficazes: o distanciamento social, o uso de máscaras em ambientes públicos, higienização das mãos, a necessidade de hiper proteção dos grupos vulneráveis e a utilização da VACINA.

Diante de tantas discussões e dúvidas só nos resta, como tábua de salvação, acreditar no princípio básico da cura de uma enfermidade que é a relação médico-paciente.

Isto é, a construção de um elo entre os dois de empatia, confiança, responsabilidade e compreensão!

Nada substitui o tratamento humanizado e com compaixão.

De acordo com as condições sociais, culturais, econômicas e ambientais, o médico pode optar por uma série de tratamentos ou até uma conduta expectante!!

O médico é o profissional que detém a capacidade técnica necessária para definir a terapêutica que julgar mais adequada para o tratamento dos seus pacientes.

Em 1892, William Osler, um dos fundadores da John Hopkins School of Medicine, considerado o pai da medicina moderna, na beira do leito, ouviu a pergunta de um Residente: como se trata esta pneumonia? Ele respondeu: “Nós não tratamos a doença pneumonia. Nós tratamos o PACIENTE COM UMA PNEUMONIA”.

Diante deste espectro de incertezas é sempre bom lembrar: Nós não tratamos a covid-19! NÓS TRATAMOS UM PACIENTE COM A COVID-19!!

 

Prof. Dr. Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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31 de março no olhar de Carlos Alberto Brilhante Ustra
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