Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 13 de maio de 2021
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Diante da pandemia e tentando explicar este inimaginável fenômeno, nunca tantos médicos apareceram em entrevistas na televisão!
Como médico mais antigo, mas ainda professor da faculdade de medicina, o que mais me chamou a atenção foi a apresentação completamente inadequada dos colegas.
Não discuto conhecimento, competência ou experiência!
Falo das vestes e da aparência. A maioria não parecia médico! Um colega foi entrevistado de pijamas?!
Mesmo a distância, nem pelo fato de estar na sua casa, e a noite, não se justifica, nem é permissível tal descompostura perante milhares de telespectadores!
A liturgia representativa histórica da profissão exigia uma apresentação mais adequada!
O liberalismo e a modernidade que atingiu a sociedade nos últimos anos, principalmente na educação, obviamente, também influenciou na formação dos novos médicos.
Até as clássicas escolas de 1° e 2° grau, lamentavelmente, também estão abandonando os uniformes.
Não é incomum ter que argumentar, junto ao estudante de medicina, que atender de bermuda, abrigo, calça jeans rasgada ou tênis não é uma boa apresentação para um médico.
O velho aforisma de Mark Twain “Clothes make the man” (as roupas fazem o homem) ainda contém muita verdade e fundamento.
Provavelmente a melhor apresentação que o médico pode ter perante seu paciente é vestindo o clássico avental branco. Revisando o PUBMED, para embasar esta opinião pessoal, encontramos vários artigos sobre o assunto:
Douse (BMJ) entrevistando 486 pacientes relatou que 66% preferiam encontrar seus médicos com jaleco branco.
Zahrina (Malays Fam Physcian) encontrou um índice de preferência de 62,5% entre 299 pacientes consultados.
Rehman (AM J Med) encontrou um percentual maior ainda entre 2272 pacientes: 70% prefere o avental branco para o médico.
Farraj (JR Soc Med) analisando a opinião de 621 médicos concluiu que 75% preferiam se apresentar desta maneira. Os psiquiatras e os pediatras foram os que menos concordaram com a opinião da maioria.
As conclusões de quase todos artigos são basicamente as mesmas: a apresentação de avental branco é um símbolo de identidade, tradição e confiança. E mais, um item que reforça a principal base de tratamento na medicina: a relação médico-paciente.
Ainda confere uma aparência de limpeza e higiene. Transmite a sensação de competência, experiencia e confiabilidade científica.
O médico tem obrigação de ser pontual, gentil, educado, atencioso, afável e receptivo.
Ainda, como promotor da saúde, deve estar bem vestido, asseado, barbeado e até perfumado!!
Quando vejo, principalmente jovens médicos, atendendo com as roupas do dia a dia, não argumento mais, apenas balanço a cabeça e fico pensando: “Que vergonha, meu doutor”!!
Prof. Dr. Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
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