Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de junho de 2021
O presidente Jair Bolsonaro classificou como “covardia” o que a oncologista e imunologista Nise Yamaguchi viveu em depoimento à CPI da Covid na última terça-feira (1º). Ao criticar a comissão do Senado nesta quarta (2), ele questionou os trabalhos do presidente e do relator da comissão, Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL), que se tornaram seus desafetos políticos.
“Quem conhece quem é Omar Aziz, quem é Renan Calheiros não precisa fala mais nada. (…) Vocês viram o que a CPI fez com a Nise Yamaguchi? Isso é uma covardia”, afirmou Bolsonaro.
Durante o depoimento, a médica propagandeou o tratamento precoce, com medicamentos de ineficácia comprovada contra o novo coronavírus. Senadores independentes e da oposição, como Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), apontaram contradições e falhas no discurso ao apresentar dados e estudos científicos contra a tese apresentada por ela sobre a eficácia da cloroquina, que integra o kit covid.
“A senhora apostou numa droga (cloroquina) que poderia dar certo ou não. Essa é a grande realidade e a ciência, doutora, por mais que a senhora seja formada e tenha cursos, não admite isto de se apostar no escuro, querer testar uma droga para ver se dá certo ou errado”, criticou Otto durante o depoimento.
Apontada como integrante do “ministério paralelo” da Saúde, que orientou o governo federal no combate a pandemia, a médica negou participação no gabinete. Contudo, mensagens entregues por ela à CPI comprovam a existência do grupo. Próxima a Bolsonaro, Nise chegou a ser cotada duas vezes para o cargo de ministra da Saúde.
Em conversa com apoiadores, Bolsonaro tossiu sem máscara. Indagado por um homem, que se identificou como funcionário da área financeira da Polícia Federal, sobre o que fazer a respeito do Poder Judiciário, o presidente respondeu:
“Essa pergunta é muito complexa. Muitas ideias saem daqui, dessa conversa.”
CFM
O Conselho Federal de Medicina (CFM) repudiou, nesta quarta, o que chamou de “excessos e abusos” ocorridos nos interrogatórios aos depoentes na CPI da Covid, que apura ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia. O órgão pediu respeito de senadores às testemunhas, sobretudo aos médicos que estiveram na Comissão de Constituição e Justiça.
O CFM afirmou que encaminhará documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para comunicar a postura dos parlamentares na oitavas dos depoentes.
Na terça, os parlamentares ouviram a médica Nise Yamaguchi, que assumidamente defende o uso do tratamento precoce contra o coronavírus, sem comprovação científica. Ela foi muito questionada por recomendar medicamentos como cloroquina, ivermectina e azitromicina. Nise faz parte do gabinete de crise na pandemia e teve reuniões com o presidente Jair Bolsonaro.
Nesta quarta, quem foi ouvida foi a infectologista Luana Araújo, que foi nomeada pelo governo federal como secretária de enfrentamento à covid-19, mas não chegou a assumir o cargo.