Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de junho de 2021
Um dia depois de a médica Nise Yamaguchi ser ouvida na CPI da Covid e defender diante dos senadores o chamado tratamento precoce contra covid-19, a infectologista Luana Araújo — dispensada do Ministério da Saúde depois de apenas dez dias de trabalho e totalmente contrária à tese —, foi ouvida na sessão desta quarta (2).
Seu depoimento serviu, como os parlamentares mesmo classificaram, como uma aula de ciências. E bastante didática.
Veja um resumo das principais declarações da médica:
— “Ciência não tem lado. Ou ela é bem feita ou mal feita” (fala em discurso inicial).
— “Pleiteei autonomia, não insubordinação” (sobre possível entrada na Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19).
— “O ministro me chamou e disse que lamentavelmente meu nome não foi aprovado” (sobre sua dispensa após dez dias de trabalho).
— “Não temos opinião, mas evidências, e elas são claríssimas, transparentes. Somos a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, não pode se tornar uma política de saúde pública” (sobre “eficácia” do tratamento precoce).
— “Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente” (sobre “eficácia” do tratamento precoce).
— “Quando disse, há um ano atrás, que estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu, infelizmente, ainda mantenho isso em vários aspectos” (sobre “eficácia” do tratamento precoce).
— “É como se estivéssemos discutindo de que borda da Terra plana vamos pular. Não tem lógica” (sobre “eficácia” do tratamento precoce).
— “Não é porque se mata coronavírus no micro-ondas que dá para pedir para paciente entrar no forno” (sobre “eficácia” do tratamento precoce)
— “A nossa vida seria mais fácil e feliz se isso (cloroquina) funcionasse; infelizmente, não tem (eficácia)” (sobre “eficácia” do tratamento precoce).
— “Deve estar faltando informação de qualidade, porque quando se tem a informação, não é um comportamento que a gente espera que aconteça. A mim, me dói” (sobre diversas declarações e comportamentos do presidente Jair Bolsonaro ao longo da pandemia).
— “Se cada um diz uma coisa, em quê acredito?” (sobre orientações divergentes sobre a pandemia).
— “Existe dificuldade de entender a diferença entre abordagem e tratamento precoce. A abordagem é o acesso ao diagnóstico imediato, e há dificuldade nesse sentido” (sobre o que se considera tratamento precoce).
— “É assim (com a vacinação) que a gente atinge uma imunidade de rebanho. Não posso imputar sofrimento e morte a uma população com uma imunidade de rebanho” (sobre a tese de rebanho).
— “(Copa América no Brasil) é um risco desnecessário para se assumir neste momento” (sobre decisão do governo federal de receber a competição).
— “Autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação” (sobre tratamento precoce).