Quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
25°
Fair

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Brasil chega à marca de 500 mil mortes por Covid

Compartilhe esta notícia:

País viu a pandemia crescer e registrou o maior número de mortes em 2021, entre todas as nações do mundo. (Foto: Fotos Públicas)

Com vacinação lenta, baixa adesão às medidas de isolamento social e sem políticas nacionais de testagem em massa, o Brasil atinge neste sábado (19), a marca de 500.022 mortes pela covid-19. O País viu a pandemia crescer exponencialmente e, apenas neste ano, registrou o maior número de mortes por covid entre todas as nações do mundo. Apesar de alguns governadores projetarem vacinar toda a população com pelo menos uma dose até outubro, a incerteza na entrega de vacinas e o surgimento de novas variantes tornam o futuro da epidemia incerto no País.

O epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, afirma que pelo menos 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas se o governo federal tivesse adotado medidas para controlar a pandemia. Para Hallal, a gestão Jair Bolsonaro errou ao atrasar a compra de vacinas, desestimular o uso de máscaras e vacinação, não implementar uma política rigorosa de isolamento social e distribuir remédios ineficazes para a covid-19, como a cloroquina, que geraram uma falsa sensação de segurança em muitos brasileiros.

O distanciamento entre as pessoas é um dos pilares do controle do coronavírus, mas o Brasil nunca conseguiu, de fato, implementar essa medida. A maioria dos governadores e prefeitos determinou algumas restrições nos momentos mais críticos da pandemia – especialmente no início da emergência sanitária –, mas o índice de isolamento social nunca ficou no patamar ideal por tempo suficiente.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), porém, vem criticando o isolamento social repetidamente desde o início da pandemia. Um levantamento mostra que entre março de 2020 e março deste ano, Bolsonaro promoveu pelo menos 41 eventos com aglomerações. Em maio deste ano, quando o País já acumulava mais de 430 mil vítimas da covid, o presidente chamou de “idiotas” as pessoas que ainda seguiam as recomendações dos especialistas e mantinham o isolamento.

Para Marcel Ribeiro-Dantas, pesquisador em bioinformática no Instituto Currie (França) e integrante da isola.ai, iniciativa que conduz estudos relacionados ao distanciamento social na América Latina durante a pandemia, as medidas fracassaram por falta de fiscalização e de alinhamento no discurso. “Não adianta o prefeito falar uma coisa e a oposição dizer outra. Falta uma voz uníssona”, defende.

Joziana Barçante, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Biomédica e professora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras (UFLA), aponta que as medidas de isolamento implementadas no Brasil são muito frágeis. “Se você faz um lockdown com menos de 15 dias, você está desgastando a população e não tem um efeito prático”, diz.

Dados do Google sobre mobilidade mostram que o pico de isolamento no Brasil aconteceu no início da pandemia. Entre o fim de março e o fim de maio de 2020, a porcentagem de pessoas que deixaram de se deslocar para o trabalho variou, na média, entre 42% e 25%.

Quando a segunda onda começou, em março deste ano, o deslocamento de brasileiros para o local de trabalho estava, em média, apenas 4% abaixo do esperado. Com o aumento de mortes, o isolamento aumentou um pouco, chegando a cerca de 20% no início de abril, impulsionado pelos feriados de Sexta-Feira Santa e Páscoa. Os números voltaram ao patamar anterior na metade daquele mês.

Para obter a taxa de isolamento, o Google usa como base o movimento registrado entre janeiro e fevereiro de 2020, período anterior à pandemia. A porcentagem de pessoas que deixaram de se deslocar varia em relação a esse valor-base. A reportagem compilou esses números e calculou a média móvel.

Em relação ao transporte público, o isolamento foi um pouco maior. No fim de março de 2020, 61% das pessoas deixaram de se movimentar por estações de trem, metrô e pontos de ônibus. Com o passar dos meses, o movimento foi voltando. No início de agosto, o movimento estava 30% abaixo do normal e em novembro, quase no mesmo patamar pré-pandemia.

Durante a segunda onda, a circulação de pessoas no transporte público caiu um pouco, mas se manteve mais intensa do que na primeira onda. Entre março e abril deste ano, a queda no movimento variou entre 25% e 40%. O ponto mais baixo coincide com os feriados de Sexta-Feira Santa e Páscoa.

O médico José Cherem, integrante do Núcleo de Pesquisa Biomédica da Universidade Federal de Lavras (UFLA), diz que a falta de apoio governamental é um dos principais entraves ao isolamento. “Falta um subsídio financeiro. As pessoas também estão enfrentando dificuldades econômicas, insegurança alimentar e desemprego”, aponta.

Embora em abril de 2020 o governo federal tenha criado um auxílio emergencial a trabalhadores informais, autônomos, desempregados e microempreendedores individuais, extinto em dezembro do ano passado, e adotado outras medidas, como a aprovação da redução de jornada e programas para auxiliar empresas na pandemia, as ações foram consideradas insuficientes por muitos especialistas para conter a crise.

Os especialistas ressaltam ainda que o Brasil deveria ter apostado em uma política de testagem em massa. “O be-a-bá de uma doença infecciosa como a covid-19 é a testagem, e o Brasil não testou a população”, diz Pedro Hallal.

Em geral, o Sistema Único de Saúde (SUS) só oferece teste de coronavírus a quem manifesta sintomas claros da doença. Ainda assim, o resultado costuma demorar bastante para sair. Países como Reino Unido e Alemanha oferecem testes gratuitos semanais a todos os seus habitantes, com sintomas ou não.

O uso de máscaras com maior capacidade de filtragem, como as PFF2, também é recomendado. Apesar de ser uma das formas mais fáceis e acessíveis de se proteger do coronavírus, a medida é constantemente ignorada pelo presidente. Um levantamento feito pela reportagem no início do mês mostrou que Bolsonaro não usou o equipamento de proteção em 73% dos eventos que participou desde o começo da pandemia.

Além disso, o Brasil falha na vigilância genômica. O sequenciamento de amostras do coronavírus colhidas no País é importante para se ter controle sobre quais variantes do vírus que estão em circulação.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Rio Grande do Sul confirma 96 mortes por coronavírus neste sábado e 5.505 novos infectados
Ministério Público Eleitoral pede multa a Bolsonaro por campanha eleitoral antecipada
https://www.osul.com.br/com-500-mil-mortes-pela-covid-brasil-deve-ir-alem-da-vacinacao-em-massa-para-frear-virus/ Brasil chega à marca de 500 mil mortes por Covid 2021-06-19
Deixe seu comentário
Pode te interessar