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Carlos Roberto Schwartsmann Os ex-residentes!

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Objetivo é levar profissionais a atuar em áreas remotas e indígenas (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A Residência Médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos. Ela deve ser realizada em instituições de saúde credenciadas pelo conselho nacional de Residência Médica (públicas e privadas).

Ela foi criada nos EUA por William Halsted e William Osler em 1889 no departamento de cirurgia da Johns Hopkins University como ensino de tempo integral (full-time faculty).

O Residente, é daí a origem do nome, deveria residir no Hospital! Morar no Hospital! Se alimentar, descansar, estudar, desenvolver e aprender a arte da medicina, 24 horas por dia e 6 dias por semana.

Esta modalidade de ensino, foi um marco na educação médica. Em poucos anos se tornou “padrão ouro” para o ensino médico nos EUA.

A convivência diária criou um ambiente favorável, extremamente familiar de integração e amizade entre os professores e os novos alunos. Entre eles também!

Diz a história, que muitos residentes possuíam a chave da casa de Osler e podiam desfrutar da sua famosa biblioteca a qualquer hora.

Tornei-me residente no Hospital das Clínicas da USP em 1974. Morei no 8º andar por 3 anos.

Coincidentemente foi o primeiro programa de residência médica do nosso País. Foi criado em 1945.

Meu companheiro de quarto era do Rio Grande do Norte! Tínhamos direito a farto café da manhã, almoço e jantar. A ceia da meia noite indicava que era o momento de parar de estudar.

Frequentemente os colegas do pronto socorro, que era no térreo, nos chamavam para ver um caso raro ou interessante!

Eram tantas novidades que os conhecimentos adentravam nos nossos cérebros igual a nutrição celular: por osmose.

Todos somos muito gratos pelos bons tempos que não voltam mais!

A história da medicina no Brasil parece que anda para trás. Até o final de 2000 tínhamos 85 faculdades de medicina, hoje temos 305.

Sem dúvida não há corpo docente de qualidade para tudo isso. Os EUA possuem 131 faculdades de medicina.

Além do mais, erroneamente, na tentativa de proteger o médico residente do excesso de trabalho, ele foi equiparado ao trabalhador comum pela lei 12514 de 2011.

A lei prevê a carga horária máxima de 60 horas semanais. Prevê um dia de descanso semanal, férias anuais, mas não há direito ao 13º salário.

Se cumprir rigorosamente a lei atual, o pós-graduando deve permanecer no hospital 10 horas diárias!!

As 18 horas pode parar de atender, avaliar pacientes ou abandonar as cirurgias. É evidente que a formação dos novos especialistas foi muitíssima prejudicada!!

Lamentavelmente, é uma carga horária muito pequena para quem quer ser um bom médico especialista!

Atualmente, os “Residentes” não são mais residentes, pois não moram mais no Hospital. O adjetivo correto para estes pós-graduandos seria de “Ex-Residentes”!!!

 

Prof. Dr. Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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