Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 12 de julho de 2021
Cubanos protestaram nesta segunda na Plaza de España, em Vigo, na Espanha.
Foto: Fotos PúblicasCuba registrou, neste domingo (11), protestos de rua em várias cidades, no que vem sendo considerada a maior demonstração de insatisfação ao regime comunista, em território cubano, desde 1994.
As manifestações ocorrem em meio a um cenário de crise econômica e sanitária, agravada pela pandemia de coronavírus. Segundo o governo revolucionário, liderado pelo presidente Miguel Díaz-Canel, a crise no país é provocada pelos embargos econômicos dos Estados Unidos à ilha.
Representantes da comunidade internacional se dividiram nas reações aos protestos. EUA, União Europeia e ONU pediram respeito ao direito de manifestação do povo cubano nesta segunda-feira (12), após o governo reprimir os manifestantes e convocar apoiadores a “enfrentar” as provocações na noite de domingo. A Rússia pediu respeito à soberania cubana, enquanto o México ofereceu apoio ao governo cubano para enfrentar a atual crise.
Onde ocorreram e como estão sendo as manifestações?
O principal protesto foi registrado na cidade de San Antonio de los Baños, a 33 km da capital, Havana, mas também houve marchas nos municípios de Güira de Melena e Alquízar – ambos na Província de Artemisa , Palma Soriano, Santiago de Cuba, em alguns bairros de Havana e no malecón.
Em San Antonio de los Baños, os manifestantes conseguiram transmitir parte do protesto ao vivo pelo Facebook, mas os vídeos foram retirados do ar. Gritando principalmente “Pátria e vida”, título de uma canção polêmica, mas também “Abaixo a ditadura!” e “Não temos medo”, os manifestantes, na maioria jovens, caminharam pelas ruas.
Pelas imagens compartilhadas nas redes sociais, a marcha seguia pacífica até ser interceptada por forças de segurança e partidários do governo, o que levou a violentos confrontos e prisões.
O movimento ganhou projeção com o engajamento de cantores, atores e influenciadores digitais, que compartilharam a hashtag #SOSCuba nas redes sociais. A cantora cubana Camila Cabello foi uma das que compartilhou a hashtag e comentou sobre os protestos, pedindo apoio.
Hey guys, there is a major crisis right now in Cuba and we need your help to spread awareness. Deaths from COVID are rising rapidly and because of the lack of medicine, resources, basic necessities and even, food many people are dying. #SOSCuba pic.twitter.com/GQtZHiCSIA
— camila (@Camila_Cabello) July 11, 2021
Em Cardenas, a cerca de 145 km a leste de Havana, manifestantes viraram um carro da polícia. Outro vídeo mostrou pessoas saqueando uma loja administrada pelo governo cubano – conhecida por vender itens caros, em moedas que a maioria dos cubanos não possui.
Por que as pessoas estão se manifestando em Cuba?
Os protestos eclodiram em meio a uma grave crise econômica e de saúde em Cuba, onde a pandemia do novo coronavírus ganha força, ao mesmo tempo em que o país perde cruciais dólares vindos do setor do turismo.
Muitas pessoas não conseguem trabalhar porque restaurantes e outras empresas estão fechadas há meses. Além disso, desde o começo da pandemia, os cubanos são obrigados a esperar em longas filas para obter alimentos, uma situação que se somou a uma grave escassez de medicamentos, o que desencadeou um mal-estar social generalizado.
Quanto à pandemia, o país registrou, no domingo, mais um recorde de infecções por Covid-19 em 24 horas, com 6.923 novos casos e 47 mortos. A situação é especialmente tensa na província turística de Matanzas, localizada a 100 km de Havana, onde o alto número de infecções pode causar o colapso dos serviços de saúde.
O que o governo cubano diz sobre os protestos?
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, esteve em San Antonio de los Baños no domingo, e se reuniu com partidários em uma praça da cidade. Ele atribuiu ao embargo dos EUA a falta de alimentos e remédios na ilha.
No fim da tarde do domingo, Díaz-Canel falou à nação pela TV e acusou os Estados Unidos de serem responsáveis pelo protesto. Ele enviou as forças especiais às ruas da capital, pediu a seus apoiadores que enfrentassem as “provocações”, e disse que seus partidários estão dispostos a defender o governo com suas vidas. “A ordem está dada. Às ruas, revolucionários”, incentivou.