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Saúde Sequelas do coronavírus em crianças vão de problemas cardíacos à ansiedade

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Faixa etária tem risco menor para doença, mas efeitos também são observados nesse grupo. (Foto: Reprodução)

Fraqueza, perda de memória, dificuldade de concentração e até problemas cardíacos. As sequelas da covid-19, mais conhecidas em adultos, também atingem crianças e adolescentes.

Para monitorar sintomas persistentes da doença, hospitais criam ambulatórios pediátricos, e pesquisadores brasileiros coletam dados sobre a recuperação dos mais jovens. Além de apoiar as crianças a superar as consequências da doença, o objetivo é descobrir as repercussões da covid-19 a longo prazo – e quanto tempo podem durar.

Crianças e adolescentes, em geral, têm a forma mais branda da covid-19, mas podem manifestar sintomas que dificultam a retomada das atividades cotidianas após a alta. Um estudo britânico recente apontou que sintomas de longa duração são mais raros em crianças.

Médicos e pesquisadores ainda não sabem por que algumas têm sintomas persistentes e outras não, mas já identificaram que até mesmo aquelas que tiveram quadros bem leves da doença podem manifestar a chamada covid longa meses depois.

“Os sintomas são muito abrangentes. Depois de quatro semanas (da alta), vemos nas crianças a partir de 7 anos alguns sintomas parecidos com os de adultos, como ansiedade, insônia, cefaleia, dor abdominal. E, nas menores, inapetência, déficit de atenção”, explica a pediatra intensivista Julia Carvalho. Segundo ela, um dos desafios dos médicos é diferenciar o que são sequelas do vírus e o que são repercussões do isolamento e da angústia provocados pela pandemia.

O acompanhamento de crianças também esbarra na dificuldade que os mais novos têm de relatar sintomas. São os pais que indicam mudanças no comportamento das crianças e até dificuldades na escola. “Esses pacientes precisam ser acolhidos, identificados”, diz a médica.

Não há um tratamento específico contra a covid longa, mas alternativas para aplacar os sintomas e fazer com que a criança volte a se desenvolver normalmente.

“As crianças não estão isentas do risco”, afirma Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo ele, há casos clássicos de perda do paladar e olfato, mas também complicações pulmonares, como broncoespasmos (contrações das vias aéreas), e cardíacas, além de fadiga e prejuízo da parte cognitiva entre as crianças.

Podem ocorrer ainda repercussões bastante raras após a infecção pelo coronavírus, como a síndrome inflamatória multissistêmica, duas a quatro semanas depois da contaminação. Nesses casos, graves, os sintomas incluem febre persistente, problemas gastrointestinais, inflamação na pele e complicações cardíacas.

Até o dia 7 de agosto deste ano, último dado disponível, o Brasil registrava 1.204 casos da síndrome inflamatória multissistêmica e 74 mortes.

“É intuitivo supor que a frequência dos sintomas persistentes seja maior nos que tiveram quadros sintomáticos e os dados apontam nesse sentido, mas também temos visto que alguns casos leves têm persistência de sintomas”, diz Sáfadi. Ele defende que os serviços de saúde acompanhem crianças que tiveram a covid-19 – mesmo aquelas que com quadros leves.

O monitoramento pode ser, em geral, apenas clínico, com observação de sintomas pelo médico, mas, em algumas situações, demanda exames mais complexos.

Estudos

Estudos publicados até agora têm encontrado respostas diferentes sobre a prevalência da covid longa em crianças. Uma pesquisa britânica deste mês, por exemplo, concluiu que, na maioria dos casos, crianças e adolescentes com sintomas da covid-19 melhoraram após seis dias.

Só 4,4% tiveram sintomas além de quatro semanas, com pelo menos dois sintomas persistentes (fadiga, dor de cabeça ou perda de olfato). Menos de 2% tiveram sintomas por mais de oito semanas.

A pesquisa, publicada na revista The Lancet, foi realizada pelo King’s College London. Os pesquisadores analisaram 1.734 pacientes sintomáticos com idade entre 5 e 17 anos.

Já a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, estudou os casos de 45 pacientes com menos de 21 anos, acometidos de síndrome inflamatória multissistêmica. Desses, 44% tiveram alterações moderadas e graves nos exames de imagem do coração (ecocardiograma), mas a maioria melhorou de forma considerável. Após nove meses, apenas uma criança continuava a apresentar problema no músculo cardíaco.

Estudos calculam que a covid longa, em que o acometimento de órgãos como o coração acontece após o período agudo da doença, pode afetar entre 10% e 30% dos adultos, mas ainda não há um consenso sobre quanto do público infantil pode ser afetado. Alguns estudos apontam que entre 11% e 15% dos jovens infectados podem sofrer consequências de longo prazo.

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