Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de setembro de 2021
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (10), que não é possível “degolar” seus opositores. A fala vem em meio à tentativa do chefe do Executivo de minimizar, a apoiadores, o derretimento de sua base de sustentação após sinalizar na quinta (9), em nota, o recuo em seus ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ofensiva sobre a Corte é incentivada pelos simpatizantes.
“Alguns querem que eu vá lá e degole todo mundo. Hoje em dia, não existe país isolado, todo mundo está integrado ao mundo”, justificou o presidente, pedindo, novamente, calma aos presentes após a divulgação da carta. “É preciso Buscar o entendimento o máximo possível”, declarou. O presidente repetiu que o “retrato” que fez sobre as manifestações de 7 de setembro em São Paulo não é dele, mas sim do povo.
Apesar de a possível mudança de posicionamento ter causado desalento em parte dos apoiadores, ao ser questionado por um apoiador se a suposta mudança de postura poderia resultar na soltura do deputado preso Daniel Silveira (PSL-RJ), o presidente se mostrou incomodado e disse que, sobre algumas coisas, não poderia comentar. “Tem coisas que não posso falar com você”.
Caminhoneiros
Bolsonaro também buscou minimizar o arrefecimento dos bloqueios de caminhoneiros em estradas do País e rechaçou que haja um “recuo” de manifestações bolsonaristas contra o Supremo.
“Você quando quer matar um verme, às vezes mata a vaca. Até domingo, se ficar parado, a gente vai sentir, mas se passar disso, complica a economia do Brasil. Ninguém está recuando. Não pode ir pro tudo ou nada”, disse o presidente a apoiadores, ressaltando, em seguida, que “aos poucos vai arrumando” o País.
Bolsonaro já havia afirmado que as manifestações não poderiam passar de domingo (12), sob pena de prejudicar o abastecimento nacional, e também já tinha buscado abrandar os efeitos sobre apoiadores de sua “carta de recuo”.
Declaração
O presidente Jair Bolsonaro divulgou na quinta um texto intitulado “Declaração à Nação” no qual afirma que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”. Segundo o texto, “as pessoas que exercem o poder não têm o direito de ‘esticar a corda’, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia”.
Em ato político na última terça-feira (7), em São Paulo, Bolsonaro afirmou que não mais cumpriria decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Dizer a vocês que, qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”, declarou Bolsonaro a um público de apoiadores. O presidente da República chegou a fazer uma ameaça ao presidente do STF, ministro Luiz Fux: “Ou o chefe desse poder enquadra o seu [Alexandre de Moraes] ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”.