Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de setembro de 2021
Para se ter uma medida da aridez e do quão inóspito é o cenário da Costa dos Esqueletos, litoral abaixo de Angola e ao noroeste da Namibia na parte sul do continente africano, basta saber que as populações locais há séculos se referem à região como “a terra que deus construiu com raiva”.
A estonteante beleza natural contrasta com os milhares de esqueletos de animais que se espalham pelo imenso deserto de areia branca encostado nas águas revoltas do Atlântico que banham o local: a única marca da presença humana é vista nas várias embarcações naufragadas enterradas na areia e nas águas locais.
Localizada entre o sul do Rio Cunene, em Angola, e o Rio Swakop, na Namíbia, a isolada região é inteiramente integrada ao Parque Nacional da Costa dos Esqueletos, estabelecido em 1971 com uma área de mais de 16 mil quilômetros quadrados.
Para se chegar às praias praticamente inacessíveis, é necessário equipamento especial e coragem, pois mesmo para poderosos veículos o trajeto pode ser fatal: trata-se, afinal, de milhares de quilômetros de deserto onde o vento intenso torna a aridez ainda mais extrema, em uma região onde praticamente nunca chove – a única fonte de umidade desse ecossistema vem dos nevoeiros oceânicos.
Ao longo de mais de mil quilômetros não se vê uma única árvore, e a vegetação é quase inexistente além de alguns raros e magros arbustos. É por isso que os poucos animais que sobrevivem ao cruzamento do deserto costumam ser vistos sedentos e famintos nas areias da praia – elefantes, hienas, leopardos e outros animais eventualmente surgem, entre focas e leões marinhos, em busca de alimento para sobreviverem no fim do mundo.
As carcaças de navios se assemelham as ossadas animais, para lembrar que a quase impossibilidade de alcançar e depois sobreviver na Costa dos Esqueletos: mais de 500 naufrágios podem ser encontrados na região.
Curiosamente, um grupo que frequentemente enfrenta a aridez da região acompanhado de locais para explorar as águas intensas e grandiosas e a beleza visual da natureza são os surfistas, que cruzam o deserto em veículos 4×4 para descer as ondas virgens das praias.
Tal grupo, porém, tem que se preocupar com mais uma ameaça local: as mais de 11 espécies de tubarão que vivem na Costa dos Esqueletos, no ponto do planeta que os antigos navegadores portugueses consideravam estar além dos portões do inferno.
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