Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2021
Bruna Morato é responsável por ajudar médicos a elaborar um dossiê com denúncias envolvendo a Prevent Senior
Foto: Edilson Rodrigues/Agência SenadoA advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos da operadora de saúde Prevent Senior, relatou à CPI da Covid, nesta terça-feira (28), que a empresa e médicos do suposto “gabinete paralelo” fizeram um pacto para tentar validar a hidroxicloroquina como remédio contra o coronavírus e, assim, evitar o lockdown (fechamento total de atividades).
Bruna é responsável por ajudar médicos a elaborar um dossiê com denúncias envolvendo a Prevent Senior. O material compilado pela advogada foi entregue à CPI e cita uma série de supostas irregularidades cometidas pelo plano de saúde durante a pandemia de Covid-19, entre elas, a ocultação de mortes pela doença e a prescrição de remédios sem eficácia.
“Existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo. Eles desenvolveram uma estratégia: através do aconselhamento de médicos, esses médicos eu posso citar de forma nominal – Anthony Wong, Nise Yamaguchi, Paolo Zanotto –, e que a Prevent Senior ia entrar para colaborar com essas pessoas. É como se fosse uma troca, a qual chamamos na denúncia de pacto, porque assim me foi dito”, declarou a advogada.
“O que eles falavam era em alinhamento ideológico. Tinha que dar esperança para as pessoas irem às ruas, e essa esperança tinha um nome: hidroxicloroquina”, continuou Bruna.
De acordo com a advogada, cada médico teria uma atribuição específica dentro desse “pacto”. A Anthony Wong, caberia “desenvolver um conjunto medicamentoso atóxico”, enquanto a médica Nise Yamaguchi “deveria disseminar informações a respeito da resposta imunológica das pessoas”.
Já o virologista Paolo Zanotto deveria trabalhar na comunicação, falando a respeito do vírus e do tratamento “de forma mais abrangente” e “evocando notícias”.
Empresa nega acusações
No dia 22 deste mês, também em depoimento à comissão, o diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Junior, admitiu que a operadora usou remédios sem comprovação científica para tratar a Covid-19, como a cloroquina, mas somente com o consentimento de pacientes ou de seus parentes, e que os médicos tinham autonomia para prescrevê-los ou não. Ele negou que a empresa tenha omitido óbitos.