Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2021
Análise leva em conta indicativos globais e os dados mais recentes sobre o desempenho da indústria, das vendas no comércio e dos serviços
Foto: DivulgaçãoApós um primeiro semestre de recuperação da economia gaúcha, com números positivos na safra agrícola e avanço na vacinação e redução do isolamento social decorrente da pandemia do coronavírus, as perspectivas econômicas para o próximo período seguem cercadas de incertezas. O cenário nacional, com inflação alta, aumento de juros e efeitos da crise energética, surge com fatores que colaboram para o quadro de indefinição.
A análise do Boletim de Conjuntura, divulgado nesta quinta-feira (30) pelo DEE (Departamento de Economia e Estatística), vinculado à SPGG (Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão), leva em conta indicativos globais e os dados mais recentes sobre o desempenho da indústria, das vendas no comércio, dos serviços e também a evolução da arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal fonte de receita do governo estadual.
O documento de análise conjuntural produzido pelos pesquisadores Vanessa Sulzbach, Fernando Cruz, Martinho Lazzari e Tomás Torezani ressalta também o baixo peso da agropecuária na economia gaúcha no terceiro trimestre do ano – após forte recuperação no primeiro semestre –, as dificuldades do setor industrial – que tem apresentado desaceleração nos últimos meses – e a trajetória de recuperação nos segmentos de serviços e comércio.
“As perspectivas para a economia do Rio Grande do Sul são heterogêneas e cercadas de incertezas. A vacinação, o retorno gradual de atividades e a retomada da produção da GM são pontos positivos, contudo a pressão inflacionária, o alto custo de transporte interno e externo, e risco de recrudescimento da pandemia e de crise energética são contrapesos importantes à continuidade da recuperação”, avalia Vanessa Sulzbach, coordenadora do estudo.
Cenário internacional
O fortalecimento das atividades econômicas pressionou a inflação na maioria dos países no segundo trimestre do ano, um reflexo ainda da escassez de produtos em escala global, destaca o Boletim.
O fenômeno deve impactar as nações de forma diferente. Enquanto nas economias avançadas a perspectiva é por um processo temporário de elevação dos preços, fruto da maior capacidade para implementar medidas fiscais e monetárias, nas economias emergentes – como Brasil e países da América Latina – a situação fiscal mais apertada não permite a mesma previsão.
Enquanto isso, o atual patamar elevado dos preços das commodities deve gerar duplo efeito para o Brasil. A alta de produtos como o petróleo segue pressionando a inflação, mas o aumento no valor de produtos agrícolas beneficia países produtores. “No caso específico do Rio Grande do Sul, a valorização, sobretudo da soja, tem efeito positivo na economia interna via renda do produtor”, destaca Vanessa.
Cenário brasileiro e local
Ainda que o Auxílio Emergencial, o avanço da vacinação e a redução do isolamento social tenham auxiliado a economia no segundo trimestre do ano, o Brasil foi um dos poucos países a não conseguir registrar taxas positivas de crescimento da economia em relação ao primeiro trimestre de 2021, juntamente com nações como Argentina, Colômbia, Índia e Canadá.
O documento do DEE/SPGG faz alerta para a alta generalizada de preços (inflação de 9,7% no acumulado de 12 meses em agosto) e para as incertezas sobre a capacidade do país em reduzir sua dívida, hoje em níveis elevados. “O patamar da dívida pública pode continuar pressionando o câmbio, mesmo depois da elevação dos juros básicos da economia. Esse mecanismo, em última instância, afeta os preços internos via repasse dos custos e pressiona a inflação”, afirma Vanessa.
Quanto ao cenário local, o Boletim destaca a recuperação da safra agrícola do Rio Grande do Sul em 2021, após um ano de estiagem em 2020, e os preços elevados dos principais produtos agrícolas, que podem gerar gastos nos setores do comércio, serviços e indústria.
Em relação a esses setores, as perspectivas pouco se alteraram em relação ao último estudo, publicado em junho: serviços e comércio seguem com indicadores mensais apontando para recuperação lenta, enquanto a produção industrial apresenta queda na comparação com os períodos imediatamente anteriores.
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