Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 19 de outubro de 2021
Levantamento aponta aponta que a disparada dos preços foi mais intensa aqui do que no restante do mundo
Foto: Marcello Casal Jr./Agência BrasilA economia brasileira deve encerrar este ano com uma inflação maior do que a de 83% dos países do mundo, segundo um levantamento do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Os dados utilizados pelo estudo do Ibre foram colhidos do último relatório “World Economic Outlook”, elaborado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e divulgado na semana passada.
A estimativa do FMI é a que a inflação brasileira encerre o ano em 7,9% – no acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 10,25%. Se a projeção do fundo se confirmar, o Brasil vai registrar uma inflação bem acima da apurada entre os países emergentes (5,8%) e também da média mundial (4,8%).
Todos os anos, nos meses de abril e outubro, o FMI atualiza as suas projeções para diversos indicadores macroeconômicos, como inflação, PIB (Produto Interno Bruto) e investimento, para um grupo de quase 200 países.
O levantamento deixa evidente que a piora da inflação tem sido mais intensa no Brasil que no restante do mundo. No relatório de outubro do ano passado, por exemplo, a previsão era que a nossa economia teria uma inflação maior que a de 57% dos países. No relatório de abril, esse patamar subiu para 70%. E agora está em 83%.
“O que agrava a situação do Brasil é a nossa moeda, que segue desvalorizando mais do que a média das outras divisas”, afirma André Braz, pesquisador do Ibre. A previsão do FMI para a inflação brasileira pode ser considerada conservadora. No relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, os analistas consultados estimam um IPCA de 8,69% para 2021. Nesse cenário, a alta de preços no Brasil supera a de 86% das nações.
Inflação é problema global
Quase todos os países passaram a lidar com uma alta de preços mais intensa neste ano. Com a retomada da economia, depois de superada a fase mais aguda da pandemia, a cotação das commodities subiu e se somou ao desarranjo nas cadeias de produção – a crise sanitária paralisou ou reduziu a produção em muitos setores industriais. Essa interrupção provocou uma escassez de produtos, pressionando os custos em todo o mundo.
“O mundo está se recuperando mais rapidamente por causa dos estímulos fiscais adotados pelas grandes economias. São investimentos importantes para aquecer a atividade”, afirma Braz. “Mas o efeito colateral desse aquecimento rápido é uma busca muito grande por recursos de commodities, como petróleo e carvão.”
A piora do quadro inflacionário em todo o mundo fica evidente no aumento das projeções do FMI – entre os relatórios de outubro de 2020 e deste ano. Aqui, também fica claro que a disparada da inflação no Brasil foi mais intensa do que no restante dos países.