Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de outubro de 2021
“Acredito que faremos uma transição e as pessoas deixarão de nos ver como uma empresa principalmente de mídia social para uma empresa do metaverso”. Foi assim que Mark Zuckerberg, dono do Facebook, desenhou o futuro da sua empresa, que agora passa a se chamar “Meta”.
A afirmação, feita em junho durante uma entrevista para o site especializado em tecnologia “The Verge”, já começou a ser colocada em prática. Além da mudança de identidade, a rede social divulgou recentemente um investimento de US$ 50 milhões para construir o tal metaverso.
Mas o que é isso?
O termo apareceu pela primeira vez no livro de ficção científica “Snow Crash”, de 1992, escrito por Neal Stephenson. Por ser um conceito amplo, a forma mais direta de definir o termo talvez seja recorrendo à sua origem:
“Então Hiro [o protagonista de “Snow Crash”] na verdade não está ali. Ele está em um universo gerado informaticamente que o computador desenha sobre os seus óculos e bombeia para dentro de seus fones de ouvido. Na gíria, este lugar imaginário é conhecido como o metaverso.”
A descrição lembra a tecnologia de realidade virtual (VR, na sigla em inglês) – aquela dos headsets que se colocam na cabeça. Mas na visão de Zuckerberg e outros executivos do mercado, a novidade não se restringe somente a isso.
Ela deve envolver também a realidade aumentada (AR, na sigla em inglês), tecnologia que sobrepõe elementos digitais no mundo real, como os filtros que mudam os rostos das pessoas no Instagram ou no TikTok.
A intenção é misturar diversos elementos digitais com o mundo físico, como no filme “Minority Report”, estrelado por Tom Cruise, que interage com projeções feitas no ar.
o setor pensa em criar um espaço cibernético em que os avatares poderiam navegar por diferentes universos.
“Você pode pensar no metaverso como uma internet materializada, onde em vez de apenas visualizar o conteúdo, você está nele”, projetou Zuckerberg.
Para o dono do Facebook, as pessoas usariam óculos para visualizar itens digitais “por cima” do mundo real e “acessar” o metaverso a qualquer momento. A empresa, inclusive, trabalha em outros acessórios para ajudar a controlar esses elementos digitais:
É difícil dizer se um dia essa visão irá se concretizar, já que os produtos disponíveis atualmente não possuem essa capacidade.
Essa não é a única visão de metaverso – há outras empresas interessadas no tema e algumas delas defendem já terem incorporado alguns elementos da novidade.
A Epic Games, desenvolvedora do Fortnite, aposta alto no conceito e colocou algumas ideias em prática: o game já realizou shows virtuais, como o do rapper americano Travis Scott que reuniu 12,3 milhões de jogadores.
Em abril, a empresa levantou US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos para financiar “sua visão de longo prazo para o metaverso”.
Um dos pilares do metaverso é a ideia de reunir as pessoas nesses ambientes virtuais e o entretenimento deve ser o primeiro a explorar as possibilidades.
Cada um no seu quadrado?
Uma das grandes questões do metaverso é a interoperabilidade. Ou seja, o avatar de uma pessoa será o mesmo quando ela acessar o espaço criado pelo Facebook e o espaço criado pela Epic Games?
Os executivos têm falado que esse é o objetivo. No entanto, se o histórico do setor de tecnologia servir como bússola, não há garantias de que isso vá acontecer.
O Facebook, por exemplo, não é conhecido por ser uma plataforma aberta. Ao longo dos anos, a empresa adquiriu ou tentou adquirir os concorrentes que ameaçaram a sua existência, como ocorreu com o Instagram, em 2012.
Nessa visão interoperável, outra tecnologia da moda entra em cena: o blockchain, que funciona como “livro contábil” digital que computa vários tipos de transações e tem registros espalhados por vários computadores.
A tecnologia, que forma a base dos NFTs (“token não fungíveis”, em tradução livre), poderia ser usada para comprovar que uma pessoa é dona de determinado item digital através de vários cenários diferentes do metaverso.
No Fortnite, as pessoas compram itens e skins (que transformam o avatar em um personagem específico) para ganhar status dentro do game. Há ainda pessoas que criam os itens digitais para ganhar dinheiro e marcas que decidem utilizar o game como vitrine.
Essa ideia de exclusividade, luxo e objetos de desejo do mundo físico também deve se estender ao metaverso.