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Brasil Dos sete mortos identificados em São Gonçalo, no Rio, três não têm antecedentes por tráfico de drogas

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Moradores recolhem corpos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, após operação da PM.

Foto: Reprodução da TV
Moradores recolhem corpos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, após operação da PM. (Foto: Reprodução)

Pelos menos três dos homens mortos durante uma ação da Polícia Militar na localidade da Palmeira, no Complexo do Salgueiro, não têm anotações criminais por tráfico de drogas. Dos oito corpos encontrados por moradores em uma região de mangue na comunidade e levados para o Instituto Médico-Legal (IML), sete já foram reconhecidos por familiares. Desses, quatro eram investigados em inquéritos. O delegado Bruno Cleuder, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI), abriu um inquérito, e o Ministério Público Rio, por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Niterói e São Gonçalo, instaurou um Procedimento Investigatório Criminal para investigar o caso.

Dos sete identificados, Rafael Menezes Alves, de 28 anos, figura como testemunha e envolvido em uma investigação que apurava tráfico de drogas e corrupção de menores; Carlos Eduardo Curado de Almeida, de 31, possui três anotações criminais, por tráfico, receptação, falsa identidade, desobediência e ameaça; Ítalo Georde Barbosa Govea Rossi possui seis anotações por porte ilegal de arma, homicídio qualificado, tráfico, associação e corrupção ativa; e Jhonata Klando Pacheco Sodré, de 28, tem anotações por roubos e tráfico no Pará. David Wilson de Oliveira, de 23, e Kaua Brener Gonçalves, de 17, não aparecem como autores ou envolvidos em nenhum outro crime. Já Elio da Silva Araújo, de 52 anos, respondeu a um processo por esbulho possessório, que foi extinto em 2013.

As mortes ocorreram um dia após o sargento da PM Leandro Rumbelsperger da Silva, de 40 anos, ser assassinado, durante um patrulhamento no Complexo do Salgueiro. Segundo o tenente-coronel Major Blaz, a grande maioria dos mortos estavam vestidos com roupas ou itens de camuflagem: “As primeiras informações dão conta de que esses mortos, em sua grande maioria, estão com roupa camufladas. Fardas de combate, cinto de guarnição, coldres. Essas informações vão de acordo com que os policiais do Bope afirmaram. Já tive acesso a essas imagens, que são muito fortes, e que co-substanciam essa fala. Já temos um criminoso identificado – vulgarmente conhecido como 2k e era foragido da Justiça. A perícia que realmente fará a identificação positiva desses corpos. Sem ser a senhora na última sexta não há nenhuma informação nesse sentido (de moradores feridos ou mortos).”

“Todo mundo gostava dele. Era um irmão bom. Não entendemos o que aconteceu. Minha mãe está a base de remédios com essa tragédia” — disse a estudante Kailane Jully Gonçalves, de 15 anos irmã de Kauã.

A funcionária pública Cleonice da Silva Araujo, de 56 anos, veio de Maricá, para acompanhar a retirada do corpo do irmão, Élio da Silva Araujo.

“Aqui ninguém tinha nada contra ele. Se fosse um tiro eu até aceitava. Mas eles degolaram o meu irmão. Infelizmente, a justiça funciona assim. Ele morava aqui há 10 anos. Enquanto continuarem assim, muitas vítimas serão mortas desse jeito”, disse.

Já desempregada Milena Menezes Damasceno, de 35 anos, irmã de Rafael Menezes Alves, diz que o rapaz trabalhava como ajudante de pedreiro:

“Meu irmão era nascido e criado aqui. Ele era ajudante de pedreiro e estava na rua quando tudo aconteceu. Ele estava bebendo com os amigos quando os policiais arrastaram ele e fizeram isso.

Investigação

Ao tomar conhecimento dos fatos, o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, noticiou à 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Niterói e São Gonçalo, que foi ao local para colher informações preliminares e instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para investigar a operação realizada no Complexo do Salgueiro. Um perito integrante do quadro técnico da instituição também foi designado ao Instituto Médico-Legal para acompanhar o exame dos corpos.

“O PIC também vai analisar eventuais violações a direitos praticados quando da execução da operação, tendo sido a ação regularmente comunicada pela Polícia Militar ao MP. A instituição conta com estruturas para prestar apoio a eventuais testemunhas e receber relatos de moradores e entidades sociais que possam colaborar com as apurações. Registra que há um plantão permanente (21 2215-7003 telefone e Whatsapp Business) criado para o recebimento de denúncias, registros audiovisuais e demais informações em caráter de urgência acerca de violações a direitos praticadas no âmbito de operações policiais no Estado do Rio de Janeiro”, informou o MPRJ, em nota.

O órgão disse ainda que “adotará todas as medidas cabíveis para o regular desempenho de suas atribuições, visando ao esclarecimentos dos fatos e na apuração dos eventuais ilícitos praticados”.

Relatos de tortura

Os incidentes no Salgueiro começaram na madrugada de sábado (20), quando o sargento Leandro Rumbelsperger da Silva, de 38 anos, do 7º BPM (São Gonçalo), foi atacado a tiros por criminosos durante um patrulhamento em Itaúna, bairro vizinho às Palmeiras e também parte do Complexo do Salgueiro. Leandro morreu no hospital.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi mobilizado, e os embates se acirraram. Na manhã de domingo (21), uma idosa foi atingida no braço por uma bala perdida.

Moradores das Palmeiras afirmaram que foi uma chacina e que corpos tinham marcas de tortura. Os corpos eram enfileirados e cobertos por lençóis na Rua Pedro Anunciato da Cruz.

“Os corpos estão todos jogados no mangue, com sinais de tortura. As pessoas, uma jogada por cima da outra. Estava com sinal totalmente de chacina mesmo”, relatou um.

“Muito conhecido da gente aqui morreu. A gente estava gritando no mangue para ver se consegue tirar, mas todos mortos”, relatou outra.

“As mães estão entrando dentro do mangue. Com o mangue acima do joelho para poder tentar puxar os corpos”, continuou mais uma.

A Defensoria Pública do RJ afirmou, em nota, ter recebido “relatos sobre a violenta operação no Complexo do Salgueiro” e comunicou o fato ao Ministério Público, “para a adoção de medidas cabíveis a fim de interromper as violações”.

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