Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2021
Em meio à forte desvalorização do real frente ao dólar, quem pretende viajar para o exterior está cada vez mais interessado em formas de ter algum alívio no câmbio e fazer o dinheiro render mais nas atividades turísticas.
Fintechs e bancos digitais, que brigam para ganhar mais espaço no setor financeiro, resolveram focar nesse público oferecendo o serviço de conta bancária em dólar ou euro aos brasileiros.
A modalidade simplifica as remessas ao exterior e pode reduzir em até 10% custos com taxas e impostos em relação às alternativas tradicionais: compra de moeda em espécie e cartão de crédito internacional.
As transferências em moeda estrangeira para essas contas — que devem ser declaradas à Receita Federal — pagam 1,1% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em caso de mesma titularidade, a mesma taxa cobrada, por exemplo, na aquisição de moedas estrangeiras em espécie.
Transações feitas no exterior com cartões pré-pagos ou de crédito pagam 6,38%. Remessas feitas a contas de outra titularidade, 0,38%.
Sem burocracia
A fintech Nomad nasceu há um ano exclusivamente para oferecer serviço de conta bancária em dólar a brasileiros. Inicialmente desenhado para atender a um público viajante no pós-pandemia, o serviço foi mais utilizado no início por quem recebe pagamentos em dólar e faz compras em plataformas de e-commerce estrangeiras.
Até dezembro, a empresa projeta chegar aos 120 mil clientes. A rigor, o consumidor só precisa baixar o aplicativo da empresa e mandar fotos de um documento com foto, como RG ou CNH, para conseguir abrir uma conta nos EUA, por exemplo.
“Com a reabertura das fronteiras dos EUA a vacinados, temos visto aumento nos pedidos. A facilidade está no processo de abertura da conta. A documentação é submetida on-line, a aprovação também. O cartão de débito internacional chega para o cliente no Brasil ou no exterior, mas a liberação do virtual é automática”, diz Ernani Assis, diretor de negócios da Nomad.
O depósito inicial precisa ser de ao menos US$ 100 (cerca de R$ 560) e não há cobrança de taxa de abertura ou manutenção de conta. Transferências para outras contas bancárias e recebimentos também são isentos de taxa.
Remessas em 24 horas
As remessas feitas até as 13h do horário de Brasília chegam em até 24 horas ao destino.
A Nomad se financia com a cobrança sobre a taxa de câmbio do dólar comercial, o chamado spread cambial, que é de 2%. Para ganhar mercado, os bancos digitais têm praticado um spread inferior à cobrada geralmente por casas de câmbio.
C6 e B2S, por exemplo, também cobram spread de 2% sobre a cotação do dólar comercial oficial divulgada pelo BC. No mercado, essa diferença cobrada pelos bancos em operações de câmbio pode chegar a 7%.
O escritor Felipe Tenório, 31 anos, abriu uma conta na fintech Nomad no início do ano planejando a viagem que fará em dezembro por Guatemala, Belize e México.
“Em 2015, fiz uma longa viagem de quase um ano e, na época, perdia uma boa parte do dinheiro com cotações de câmbio ruins e taxas, além de demorar dias para receber o dinheiro de uma transferência. Agora, já paguei minha hospedagem a um câmbio mais próximo do dólar comercial”, diz Tenório, que pretende usar a conta para receber pagamentos por serviços ao exterior.
O C6 Bank, um dos maiores bancos digitais do País, oferece contas em dólar ou em euro a seus clientes e cobra uma taxa de US$ 30 para a abertura de cada uma. Clientes que tenham investimentos de ao menos R$ 20 mil em CDBs no banco são isentos .
O banco não cobra a abertura ou a manutenção da conta, mas sim US$ 30 se houver inatividade por mais de um ano. No primeiro ano do serviço, nenhuma tarifa foi cobrada.