Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de novembro de 2021
A prévia da inflação oficial no País subiu 1,17% em novembro, a taxa mais elevada para o mês desde 2002, de acordo com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O cenário inflacionário incômodo é resultado de uma forte pressão da gasolina mais cara, mas também de aumentos disseminados. Todos os nove grupos de bens e serviços investigados registraram altas nos preços. A inflação acumulada pelo IPCA-15 em 12 meses acelerou de 10,34% em outubro para 10,73% em novembro, o resultado mais elevado desde fevereiro de 2016.
Os dados indicam que o Brasil perdeu um pouco a mão no controle da inflação, embora a pressão inflacionária seja um movimento comum em várias nações neste momento, opinou Gustavo Cruz, estrategista da gestora de recursos RB Investimentos, em nota.
“Vários estão com inflação acima da meta, é um movimento global. Porém, parece que aqui foi um pouco além”, afirmou Cruz , que manteve a projeção de duas altas de 1,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central de dezembro e fevereiro. “A dúvida ficaria para março. Vai depender muito de como a inflação se comportará”, acrescentou.
Sob pressão de novos aumentos nos combustíveis, as famílias gastaram 2,89% a mais com transportes em novembro, o correspondente a mais da metade do IPCA-15 do mês, uma contribuição de 0,61 ponto porcentual. O maior impacto no grupo foi da gasolina, que subiu 6,62%, o item de maior impacto individual no mês, 0,40 ponto porcentual. A gasolina já acumula alta de 44,83% apenas em 2021. Em 12 meses, o avanço é de 48,00%.
Para o economista João Leal, da gestora Rio Bravo Investimentos, a gasolina deve seguir pressionando a inflação. O economista não acredita em redução de preço por parte da Petrobras, mesmo com a liberação de reservas estratégicas de países como Estados Unidos e China.
“A Petrobras vai ser pressionada para reajustes para cima, pois ainda vemos defasagem relevante em relação ao mercado internacional. A liberação de reservas é uma medida bastante paliativa e não deve ter impacto relevante, com um preço que vai seguir girando entre US$ 80 e US$ 85 por barril”, argumentou Leal. “E ainda tem a Opep, que provavelmente vai brigar para manter esse preço mais elevado no mercado internacional.”
Itens
Os consumidores também gastaram mais em novembro com óleo diesel (8,23%), etanol (7,08%) e gás veicular (2,59%), assim como em automóveis novos (1,92%), automóveis usados (1,91%), motocicletas (1,26%) e transportes por aplicativo (16,23%).
O encarecimento do gás de botijão e da energia elétrica também pressionou o orçamento. O gás de botijão subiu 4,34%, o 18° mês consecutivo de aumentos, acumulando 51,05% de alta no período iniciado em junho de 2020. A energia elétrica ficou 0,93% mais cara em novembro, depois de já ter subido 3,91% em outubro. A bandeira tarifária escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, permanece em vigor desde setembro. Em novembro, foram captados reajustes em Goiânia, Brasília e São Paulo.
Os gastos com saúde e cuidados pessoais foram impulsionados pelos itens higiene pessoal (1,65%) e produtos farmacêuticos (1,13%), enquanto que em Vestuário todos os itens pesquisados tiveram aumento de preços, com destaque para as roupas femininas (2,05%), masculinas (1,88%) e infantis (1,30%), além dos calçados e acessórios (1,28%).
Os alívios no mês partiram das passagens aéreas, que recuaram 6,34%, e dos alimentos e bebidas, que subiram com menos intensidade, 0,40%. Ficaram mais baratos carnes (-1,15%), leite longa vida (-3,97%) e frutas (-1,92%).
Após a divulgação do IPCA-15, a gestora de recursos AZ Quest elevou de 1,21% para 1,24% a projeção para o IPCA fechado de novembro. A expectativa é que a inflação acumulada em 12 meses suba a um ápice de 11,05%, ante os 10,67% registrados em outubro. Para o IPCA do ano de 2021, a projeção foi mantida em 10,30%, com desaceleração a 5,50% ao fim de 2022.