Domingo, 23 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de janeiro de 2022
No experimento, foi utilizado plasma sanguíneo de pessoas vacinadas com a CoronaVac e também de pessoas com infecção prévia
Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DFUm estudo realizado por pesquisadores de universidades chinesas, publicado nesta semana na revista Emerging Microbes & Infections, aponta que a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório Sinovac, tem efetividade na neutralização da variante Ômicron.
A pesquisa ainda á preliminar. Apesar de já ter sido publicada e passada por revisão de pares, o artigo médico-científico contém dados observados em laboratório, o que ainda não demonstra se há a mesma efetividade na população em geral.
Para o estudo, os pesquisadores usaram pseudovírus contendo a proteína Spike de sete variantes do vírus Sars-CoV-2: Ômicron, Alpha, Beta, Gama, Delta, Lambda e Mu. Um pseudovírus é uma partícula viral que possui todas as propriedades do vírus, com a diferença de que ele não infecta as células. Os pseudovírus foram utilizados na pesquisa por permitirem uma manipulação mais segura em laboratório.
No experimento, foi utilizado plasma sanguíneo de pessoas vacinadas com a CoronaVac e também de pessoas com infecção prévia. Essas amostras são, então, infectadas com os pseudovírus que carregam a proteína Spike das variantes.
O teste consiste em checar se anticorpos gerados em decorrência da vacina vão neutralizar, ou seja, combater o vírus nesse cultivo. O resultado é, então, comparado com a capacidade de neutralização dos anticorpos da linhagem de vírus que circulava no início da pandemia.
Os testes de neutralização conseguem avaliar a capacidade dos anticorpos de erradicar o vírus, mas não medem outros aspectos de defesa do organismo, como, por exemplo, a memória do sistema imunológico.
O que diz o estudo
Após produzidos os pseudovírus das sete variantes, pesquisadores analisaram anticorpos neutralizantes de 16 pessoas convalescentes de Covid-19 e também de 20 pessoas que haviam tomado duas doses da vacina CoronaVac. O estudo não incluiu pessoas que tomaram doses de reforço.
No caso dos indivíduos que tiveram a infecção prévia, foi observada uma redução de 10,5 vezes da neutralização contra a Ômicron, ou seja, a neutralização da variante é 10,5 vezes pior do que para a cepa original do coronavírus. No caso da Alfa, a redução é de 2,2 vezes; 5,4 vezes contra a Beta; 4,8 vezes contra a Gama; 2,6 vezes contra a Delta; 1,9 vez contra a Lambda; e 7,5 vezes contra a variante Mu.
Já no teste feito com os anticorpos neutralizantes das 20 pessoas que haviam tomado as duas doses da vacina CoronaVac, a redução de neutralização média foi de 12,5 vezes sobre a Ômicron; 2,9 vezes contra a Alfa; 5,5 vezes contra a Beta; 4,3 vezes contra a Gama; 3,4 vezes contra a Delta; 3,2 vez contra a Lambda; e 6,4 vezes contra a variante Mu.
Para os autores do trabalho, essa redução de neutralização de 12,5 vezes da CoronaVac frente à Ômicron – que demonstra perda de efetividade da vacina em relação à cepa original – é “muito melhor do que os trabalhos publicados sobre duas doses de vacinas de RNA mensageiro, nas quais foi observada uma diminuição de 22 vezes e de 30 até 180 vezes da neutralização em imunizados com a Pfizer”.
Mesmo assim, os autores destacam que a comparação dos estudos da CoronaVac com a Pfizer pode ter problemas, já que a diferença encontrada entre eles pode ser atribuída a ensaios ou amostras diferentes.