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Mundo Em visita a Moscou marcada para fevereiro, Bolsonaro tentará mostrar que não está isolado

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Putin e Bolsonaro durante encontro em Brasília em 2019.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Auxiliares intensificaram os conselhos ao presidente (D) para que ele pelo menos adie para março encontro com o presidente russo Vladimir Putin. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Com a imagem desgastada no exterior, o presidente Jair Bolsonaro prepara uma viagem a Moscou, prevista para fevereiro, num momento de tensão na fronteira da Ucrânia com a Rússia, que moveu milhares de soldados e tem realizado exercícios militares na região, sob críticas dos Estados Unidos e da União Europeia. Para a ala política do governo, a visita é considerada estratégica: em ano eleitoral, a ideia é mostrar que Bolsonaro, ao ir a um país do porte da Rússia, não está isolado internacionalmente, como afirmam seus críticos.

Além disso, a ida do presidente brasileiro a Moscou é vista como um leque de oportunidades em várias frentes. Uma delas é que a Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), e existe a expectativa de o presidente Vladimir Putin reafirmar seu apoio à candidatura brasileira a uma vaga no seleto clube que inclui, junto com os russos, EUA, Reino Unido, China e França.

Em Brasília, alguns integrantes do governo brasileiro ponderam que talvez esta não seja uma boa ocasião para Bolsonaro viajar à Rússia, mas são vozes vencidas. Fontes do alto escalão afirmam que não existe preocupação com possíveis interpretações Casa Branca acusa Rússia de preparar ação de ‘bandeira falsa’ para justificar invasão à Ucrânia sobre uma aproximação física entre Bolsonaro e Putin, com direito a fotos.

Uma fonte próxima ao Palácio do Planalto ressalta que será uma visita bilateral e que a questão na Ucrânia não é problema brasileiro.

Resposta forte

O Brasil assumiu um mandato de dois anos, no início deste mês, como membro rotativo do Conselho de Segurança. Nesse contexto, o governo americano pediu uma “resposta forte” dos brasileiros a uma eventual invasão da Ucrânia pela Rússia. O apelo foi feito em uma conversa telefônica, na semana passada, entre o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o chanceler Carlos França, que destacou que a posição brasileira é por uma solução pacífica, por meio de um diálogo construtivo.

Em outra frente, o Brasil tenta reduzir o enorme déficit comercial que tem com os russos, com o aumento do acesso àquele mercado com produtos agropecuários. Devido ao grande volume importado de fertilizantes, a balança comercial brasileira teve um saldo negativo com a Rússia de mais de US$ 4 bilhões. Entre os itens de interesse do Brasil que poderiam ter as vendas aumentadas para o país do Leste Europeu está a carne bovina.

Investimentos russos nas áreas de petróleo e gás, cooperação espacial e cultura também fazem parte da agenda. Os dois países mantêm relações há mais de 200 anos.

Apesar de toda essa animação, especialistas avaliam que este não é o momento para uma viagem a Moscou. Rubens Ricupero, diplomata aposentado, ex- ministro da Fazenda e do Meio Ambiente e ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Untac), alerta que a Rússia é, hoje, o país que mais ameaça a paz mundial.

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