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Política Em meio a tensão, Bolsonaro confirma viagem à Rússia e cita fertilizantes

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Bolsonaro recebeu o presidente russo, Vladimir Putin, em novembro de 2019.

Foto: Alan Santos/PR
Bolsonaro recebeu o presidente russo, Vladimir Putin, em novembro de 2019. (Foto: Alan Santos/PR)

Em meio à tensão com a Ucrânia, o presidente Jair Bolsonaro confirmou neste sábado (12) que viajará à Rússia na próxima segunda-feira (14) .

A viagem começou a ser planejada em dezembro do ano passado. Na ocasião, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que gostaria de estreitar a cooperação com o Brasil em diversas áreas.

Especialistas consideram que a viagem é importante, mas, neste momento, “ruim” e “inoportuna”. Isso, pois, o pano de fundo da visita é a movimentação de tropas e os exercícios militares na fronteira com a Ucrânia e a acusação dos EUA de que a Rússia planeja invadir o país vizinho, o que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nega. Temendo a iminência de uma guerra, países ocidentais orientaram seus cidadãos a deixar a Ucrânia.

Durante uma transmissão ao vivo em rede social, Bolsonaro disse neste sábado (12) que foi convidado pelo presidente Vladimir Putin e que o Brasil depende de fertilizantes da Rússia.

“Fui convidado pelo presidente Putin. O Brasil depende de grande parte de fertilizantes da Rússia, da Bielorrússia. Levaremos um grupo de ministros também para tratarmos de outros assuntos”, disse o presidente.

“Interessa ao nosso país como energia, defesa e Agricultura. A gente pede a Deus que reine a paz no mundo para o bem de todos nós”, declarou.

Viagem

Bolsonaro embarca na segunda-feira (14) e tem encontro marcado em Moscou com o presidente Vladimir Putin na quarta (16). Também está prevista uma visita à Hungria, liderada pelo primeiro-ministro Viktor Orbán.

Diplomatas e professores de relações internacionais avaliam que é a Rússia é um importante parceiro do Brasil, mas entendem que a viagem de Bolsonaro neste momento pode ampliar o desgaste do presidente brasileiro com outros parceiros, como EUA e União Europeia, ambos críticos de Putin.

A orientação da diplomacia brasileira para Bolsonaro é só falar sobre a crise entre Rússia e Ucrânia se Putin tocar no assunto. Mas o presidente já antecipou que espera uma solução pacífica.

A tensão na Ucrânia

A Ucrânia integrou o império russo e foi uma república soviética. Faz fronteira com a Rússia e outros seis países. Em 2014, a Rússia anexou a Crimeia, uma província da Ucrânia, e agora pressiona para barrar a entrada do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), grupo liderado historicamente pelos EUA. Os países da Otan, interessados em reduzir a influência russa, se negam a atender a demanda.

O professor Fabiano Mielniczuk, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, explica que a Ucrânia tem na população uma minoria russa e convive com disputas internas entre grupos a favor e contrários à Rússia.

“Se a Ucrânia entrar na Otan, Moscou ficará totalmente impotente para agir caso a situação dos russos no país piore”, afirma.

A aliança de segurança da Otan, criada durante a Guerra Fria, segue ativa e recebeu países do leste europeu, com atuação cada vez mais próxima das fronteiras russas.

Isso desagrada Putin, segundo Larlecianne Piccolli, doutora em relações internacionais, que estuda a política de defesa da Rússia e a disputa nuclear entre países.

Criticado por interferir na soberania de outro país, Putin se opõe à entrada Ucrânia na Otan também por causa do equilíbrio entre nações com armas nucleares, baseado na capacidade de resposta na mesma intensidade a um eventual ataque. Com a Ucrânia integrada, a Otan poderia ter bases mais próximas de Moscou.

tags: Brasil

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