Segunda-feira, 03 de março de 2025
Por Redação O Sul | 22 de março de 2022
Família e amigos reunidos, clima de despedida, fotos emocionadas no Instagram e muita festa antes de o jovem Taillon Janiel da Luz, de 31 anos, embarcar para o tão sonhado estágio de seis meses em Londres, na Inglaterra. Tudo em vão. Depois de transferir cerca de R$ 28 mil para uma empresa que supostamente oferecia a vaga na Europa, o brasileiro descobriu que tinha caído em um golpe.
Morador de Rio do Sul, cidade de 61 mil habitantes em Santa Catarina, Taillon chegou a ser alertado por pessoas próximas de que a oferta era boa demais para ser verdade. A proposta seria para trabalhar em Londres como estagiário na Continental AG, empresa multinacional de pneus, por um salário de aproximadamente R$ 15 mil por mês.
“Eu tinha me inscrito num processo de estágio da Continental AG. Depois de certo tempo, eu recebi e-mail dizendo que fui pré-aprovado para o processo de seleção. Foi quando iniciou o golpe”, disse Taillon.
Taillon procurou a BBC News Brasil para contar a história dele após ler a reportagem sobre 52 pessoas que foram enganadas para trabalhar em falsa agência de design.
Procurada pela BBC News Brasil, a Continental informou que teve seu nome “usado indevidamente por criminosos” e disse que “a fraude de recrutamento é um fenômeno global”.
O jovem acreditava que o processo seletivo estava correndo como o previsto, e usava como argumento, para convencer os amigos e a si mesmo, as experiências anteriores que teve no exterior. Mas, questionado pela reportagem da BBC News Brasil, ele disse que pensou pela primeira vez que todo o processo pode ter sido uma fraude e que pode nunca ter se candidatado a uma vaga legítima da multinacional.
“(Encontrei a vaga) através de busca no Google. Mas não me inscrevi somente nessa vaga e nesse site. Lembro que me inscrevi em pelo menos umas 6 oportunidades de estágio. Passei a virada de ano pensando que eu queria mudar, tomar um novo rumo, adquirir uma experiência internacional. Remodelei meu currículo nos primeiros dias de 2021 e cheguei até essa oportunidade da Continental, que infelizmente causou tudo isso”, contou.
Taillon não tem nenhuma evidência de que tenha se inscrito num processo legítimo, como um e-mail de confirmação da Continental AG de que ele tinha se cadastrado para uma vaga de estágio na empresa.
“Meus pais e amigos já tinham me avisado que poderia ser um golpe. Mas eu estava com aquele brilho da coisa e não conseguia enxergar dessa maneira. Eu só enxergava aquilo como uma oportunidade. De poder trabalhar fora, melhorar meu currículo. Eu não desconfiava”, disse em entrevista à BBC News Brasil.
Taillon afirmou que o principal motivo da confiança de que aquela era uma vaga legítima foi ter participado anteriormente de um programa de estágio semelhante em uma empresa na Lituânia. Um intercâmbio feito na Irlanda para aperfeiçoar seu inglês deu a ele a confiança de que ele era a pessoa ideal para o cargo.
A Continental informou por meio de nota, em inglês, que “a fraude de recrutamento é um fenômeno global” e que, como muitas outras empresas, teve seu nome “usado indevidamente por criminosos”.
A empresa disse ainda que informa ativamente sobre fraudes de recrutamento na página destinada a perguntas frequentes na página destinada a vagas de emprego em seu site oficial.
“Em geral, os golpistas entram em contato com potenciais vítimas usando as informações encontradas na internet (como nas redes sociais)”, alertou a empresa.
A Polícia Civil de Santa Catarina ainda não identificou nenhum suspeito de ter cometido o crime. As informações são da BBC News Brasil.